O Campo de Santa Clara e a igreja de Santa Engrácia

Campo de Santa Clara, Lisboa.

O Campo de Santa Clara é um dos locais lisboetas que nas manhãs de 3ª feira e sábado se enche de gente, locais e cada vez mais turistas que procuram pela Feira da Ladra. É uma das feiras tradicionais mais famosas de toda a Europa devido à grande diversidade de velharias, antiguidades e produtos de segunda mão que ali se encontram. Os seus inícios seriam de uma feira franca na zona do castelo de S. Jorge, remontando ao sec. XIII, transferida para o campo de Santa Clara já no século XIX depois de ter passado pelo Rossio, onde adquiriu a atual designação (sec. XVI) e posteriormente pela atual avenida da Liberdade.

Painel de azulejos de André Saraiva no Campo de Sta. Clara, Lisboa.
Selfie na feira da Ladra, Lisboa.
Se ainda ali são vendidos artigos fruto dos "amigos do alheio" é um enigma que caberá a cada um analisar! Seja como for é uma alegria para lisboetas e turistas passear entre a multidão procurando um objeto desejado ou deixando-se seduzir pela tentação de encontrar um tesouro entre os milhares de objetos que enchem o Campo de Santa Clara.

Este enclave está diretamente ligado à história da conquista da cidade de Lisboa por D. Afonso Henriques, que o terá escolhido como acampamento para o ataque definitivo à Lisboa islâmica, mandando nele edificar uma igreja dedicada ao padroeiro lisboeta, S. Vicente. O toponímio de Santa Clara chega durante o reinado de D. Dinis que patrocina a construção de um convento de clarissas, entretanto derruído pelo terramoto de 1755.

Panteão Nacional, Campo Sta. Clara, Lisboa.
Ligado a esta zona de Lisboa está também a expressão "obras de Santa Engrácia", usada para coisas improváveis e sem prazo, que os lisboetas começaram a usar para referir-se às obras intermináveis da construção da igreja de Santa Engrácia, também aqui localizada, e que hoje alberga o Panteão Nacional. Foi a infanta D. Maria que no século XVI manda erguer uma igreja para receber as relíquias de Sta. Engrácia. Se as obras do templo começaram em 1568 apenas se dão por concluídas em 1966, já com o objetivo de servir como Panteão Nacional (entrada 4,00€/2020).

Panteão Nacional, Campo Sta. Clara, Lisboa.
Atualmente alberga os corpos de Almeida Garrett, Guerra Junqueiro, João de Deus, Óscar Carmona, Sidónio Pais, Teófilo Braga, Humberto Delgado, Amália Rodrigues, Manuel de Arriaga, Aquilino Ribeiro, Sophia de Mello Breyner e Eusébio, além dos memoriais funerários de S. Nuno de Santa Maria (Nuno Álvares Pereira), Infante D. Henrique, Afonso de Albuquerque, Pedro Álvares Cabral, Vasco da Gama e Luís Vaz de Camões).

É um belo exemplo do primitivo barroco português, com pavimentos em mármore de várias cores e uma soberba cúpula (sec. XX) que coroa o templo, sendo possível subir até ao terraço superior que a rodeia, e de onde se vislumbra uma boa parte de Lisboa e do Tejo.

Palácio Marqueses do Lavradio, Lisboa.

Fachada  com  azulejos no Campo de Sta. Clara, Lisboa.

Campo de Sta. Clara, Lisboa.
Regressando ao Campo de Santa Clara, não se pode deixar de contemplar os vários palácios que ali foram construídos pelas famílias pudentes dos sec. XVII/XVIII, e aproveitar ainda o mercado de Sta. Clara (sec. XIX) para tomar um refresco antes de conhecer o Mosteiro de S. Vicente de Fora.



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