Roteiro das Catedrais de Portugal

Catedral de Guarda.

Catedral, ou para nos portugueses mais comummente apenas Sé, é um termo que define a sede episcopal onde se encontra a cátedra do bispo responsável por uma diocese, que desde a fundação da nacionalidade foi usado para estruturar o território e simultaneamente recompensar as principais terras lusas. Assim desde norte a sul e ilhas espalham-se as catedrais portuguesas como centros espirituais para a comunidade católica, sendo na sua maioria exemplos de construções góticas que surgem simultâneas à conquista do território português.


Angra do Heroísmo 

Em 1534 o papa Paulo III cria a diocese açoriana, sendo instalada a sua sede episcopal na igreja de São Salvador, reedificada pelo Cardeal D. Henrique em 1568. Foi uma das edificações da ilha que sofreu derrocadas após o terramoto de 1980, tendo sido recuperada apesar da perda do seu espólio artístico perdido no sismo.

Aveiro 

A diocese de Aveiro é de recente criação (1934) e para sede episcopal ocupou a igreja de S. Domingos do antigo convento das domínicas, que entretanto já tinha sido quartel, e no qual se encontra o tumulo da princesa Sta. Joana de Portugal. 

Beja

A diocese de Beja é das mais antigas de Portugal, com fundação datável do século IV, sendo que a atual diocese é apenas restaurada em 1770, contudo é dos mais recentes templos lusos a receber o título de catedral apenas atribuído pela Sante Sé em 1932, tendo sido então alvo de obras que lhe devolveram a dignidade original de igreja maneirista em estilo chão. Trata-se da única catedral em Portugal que não é dedicada a Santa Maria mas sim ao Sagrado Coração de Jesus.


Bragança 

Sé Velha de Bragança.
É uma das localidades lusas que conta com duas catedrais. A Sé Velha (sec. XVI), inicialmente construída como igreja conventual, assume tais funções com a transferência da sede episcopal de Miranda do Douro. A nova Catedral, dedicada a Nossa Senhora Rainha, foi consagrada em 2001, tendo sido seu arquiteto Vassalo Rosa.


Castelo Branco

A diocese de Castelo Branco foi a que mais curta vida teve em Portugal. Foi criada em 1771 pelo papa Clemente XIV e extinta em 1881 por Leão XIII, passando a integrar-se na diocese de Portalegre - Castelo Branco. A atual igreja de S. Miguel, que serviu de catedral albicastrense, sofreu obras no século XVII, dando-lhe o aspeto que hoje se observa, com beneficiações barrocas.


Coimbra 


A Sé Velha é tão antiga quanto a nacionalidade lusa, cabendo a D. Afonso Henriques a sua encomenda quando escolhe Coimbra para assentar aqui a capital da recém-criada nação. Trata-se de um templo românico, em que destaca o retábulo-mor de Olivier de Gante (sec. XVI), os capitéis românicos ou o claustro de feições góticas. A sede episcopal foi transferida para a mais ampla igreja jesuíta do Colégio das Onze Mil Virgens, após a expulsão dos religiosos em 1759. Assim a Sé Nova de Coimbra apresenta estilos maneiristas e barrocos, bem como o cadeiral e pia batismal da primitiva catedral.


Elvas

Antiga Sé de Elvas.
A antiga Sé de Elvas foi mandada construir por D. Manuel I, na sua prerrogativa de outorgar dignidade à cidade fronteiriça. Contudo a diocese é apenas criada em 1570 pelo papa Pio V, tendo sido extinta em 1881 pelo papa Leão XIII, sendo dividido o seu território pelas dioceses de Évora e Portalegre. A catedral manuelina foi alvo de várias melhorias nos séculos XVII e XVIII atribuindo-lhe a sua feição atual.

Évora

É
Catedral basílica de Évora.
É a única catedral portuguesa de transição do românico para o gótico. Construída possivelmente sobre o antigo teatro romano e sobre a mesquita anterior, apresenta características únicas em Portugal, tais como a sua fachada com duas torres, o zimbório escamado, a capela dos Esporão, o órgão de tubos ou a venerada imagem da Virgem do Ó. Já no século XVIII a cabeceira gótica é substituída pela capela-mor barroca, atribuída a Ludwig, arquiteto do palácio-convento de Mafra. É a única catedral com o título de basílica em Portugal.

Faro 

Sé de Faro.
Substituindo a catedral de Silves, essencialmente pela sua posição central ao território algarvio e a proximidade ao litoral, em 1577, subsistem atualmente dessa primitiva igreja a torre-fachada, tendo o restante corpo do templo sido devastado por ataque inglês, durante o domínio filipino. O aspeto atual de estilo chão edifica-se durante o reinado de Filipe II de Espanha e a capela-mor já no pós-restauração.


Funchal

A diocese do Funchal foi criada pelo papa Leão X em 1514, instalando-se na recém terminada catedral mandada construir por D. Manuel I. Teve durante um breve período a categoria de arquidiocese. A catedral apresenta um magnifico retábulo datado do século XVI, bem como o cadeiral do coro atribuído a Olivier de Gante.

Guarda

Catedral de Guarda.
Foi D. Sancho I quem requereu à Santa Sé a transferência da sede episcopal desde Idanha-a-Velha para a Guarda, edificando uma catedral, obra que se estendeu ao longo de vários reinados, sendo apenas finalizada em 1517. Devido ao lamentável estado de degradação sofreu importantes obras estruturais no século XIX. Pode-se considerar o retábulo-mor(sec. XVI) como a principal obra de arte do edifício, sendo atribuída a sua execução a João de Ruão em pedra de ança.

Lamego

A catedral de Santa Maria ergue-se em 1129, da qual subsiste a torre quadrada, sendo o corpo do templo amplamente transformado no século XVI, como testemunha ainda a sua fachada de transição do gótico flamejante para o renascimento. No barroco vai-se transformar a sua capela-mor adaptando-se ao gosto barroco, ao igual que os seus tetos vão receber pinturas da mão de Nasoni.



Leiria

A diocese de Leiria é criada por Paulo III em 1545 e em 1575 é consagrada a sé leiriense. O templo é de características maneiristas, sóbrio, tendo sido devastado pelo terramoto de 1755 e por um posterior incêndio durante as invasões francesas. Curioso o facto de a torre sineira (1772) não se encontrar no corpo do templo mas sim junto às portas do Sol. Desde o pontificado de S. João Paulo II a diocese passou a denominar-se Leiria-Fátima.

Lisboa

Sé de Lisboa.
Existem testemunhos da existência de bispos em Lisboa desde o sec. IV, fazendo desta diocese, e desde 1716 patriarcado, uma das mais antigas da península. A sé lisboeta com a sua fisionomia românica, foi erguida após a tomada de Lisboa por D. Afonso I. O templo que hoje se ergue entre a Baixa e Alfama é uma recriação iniciada durante o romanticismo e apenas concluída em 1940, ano de exaltação nacional durante a ditadura.

Miranda do Douro

Antiga Sé de Miranda do Douro.
Foi cabeça da diocese transmontana desde o sec. XVI, época de edificação da sua sé, até aos finais do sec. XVIII quando é absorvida pela entretanto criada diocese de Bragança, passando este templo a ser concatedral. A sua fachada esconde uma igreja maneirista de belas proporções, recheadas de retábulos, que serve de casa ao Menino Jesus da Cartolinha, curiosa representação do Deus-menino.


Portalegre

O seu primeiro bispo foi o confessor da rainha D. Catarina, esposa de D. João III, que manda construir um templo para ser sua sede episcopal. Do estilo tardo renascentista e da posterior transformação do final do barroco, nasce este templo que é um autêntico museu da pintura portuguesa do século XVII. Atualmente a diocese portalegrense absorveu a antiga diocese de Castelo Branco e parte do território da extinta diocese de Elvas.

Porto

Catedral do Porto.
Desde sua génese romântica (sec. XII), passando pelo claustro gótico (sec. XIII), pela galilé lateral atribuída a Nassoni (sec. XVIII) até acabar nas obras barrocas da fachada, a catedral do Porto é pela sua posição altaneira ao Douro um panorama e miradouro excecional sobre e da cidade. Alberga esta sé a padroeira da cidade, N. Sra. de Vandoma, curiosa devoção a esta imagem de origem francesa oferecida por D. Nónego (sec. X), clérigo originário de Vendôme quando se torna o 14º bispo portucalense.


Santarém

Sé de Santarém.
Foi D. João IV quem doou estes terrenos do antigo paço real de Santarém para que os jesuítas levantassem o seu Colégio, que com a criação da diocese, em 1975, se transforma na Sé de Santarém. A igreja do colégio de N. Sra. da Conceição obedece ao parâmetros dos templos da Companhia de Jesus edificados nos séculos XVII e XVIII, sendo que neste caso está repleta de belos trabalhos de mármores.


Setúbal

Ao igual que Santarém também Setúbal se vê elevada a sede episcopal em 1975, escolhendo-se a igreja de Sta. Maria da Graça para ser sua catedral. Ainda que fundada no sec. XIII a atual construção é do sec. XVI/XVII, com belas colunas pintadas e retábulos barrocos.

Silves 

Catedral de Silves.
Provavelmente ocupando o espaço da antiga mesquita, com fundação contemporânea a D. Sancho I, foi no sec. XV, após um terramoto, que o templo episcopal algarvio toma o aspeto atual. É também "graças" ao terramoto de 1755 que a fachada adquire o gosto barroco que detém atualmente. No interior destaca-se a cabeceira gótica. Perde a dignidade catedralícia com a construção da catedral de Faro, no século XVI, para onde se transfere sede episcopal.

Viana do Castelo

Sé de Viana do Castelo.
Esta diocese é a de mais recente criação em Portugal por bula papal de 1977 assinada por Paulo VI. Para instalar a sede episcopal escolheram a Matriz de Viana, edifício que após vários incêndios foi remodelado no sec. XIX, conservando contudo o aspeto românico ainda que a sua construção original date do século XV.

Vila Real

Após o pedido das gentes durienses o papa acede a elevar Vila Real à categoria de sede episcopal em 1922 e transformando a igreja do antigo convento de S. Domingos em catedral. O templo dominíco é considerado o mais belo exemplar de gótico de Trás-os-Montes, com apontamentos do manuelino, passando pela capela-mor  barroca ou terminando no órgão de tubos já do presente século! 

Viseu

Sé de Viseu.
No cimo da cidade, a sua construção deveu-se ao rei fundador, sendo a harmonia da sua fachada maneirista contrariada pela robustez dos seus muros e aspeto gótico do seu interior. Recentemente no seu claustro renascentista foram descobertos vestiígios duma primitiva construção de feições românicas.

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1 comentário:

  1. Ainda temos muitas por descobrir. Mas das mais bonitas é a de Braga e a de Lisboa, sem dúvida que votaríamos nelas! :)

    Pedro & Telma do blogue de casal Ela & Ele - www.blogueelaeele.pt

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