Visitar Segóvia em 48 horas, o essencial

Aqueduto de Segóvia, Espanha.
Segóvia é sinónimo de aqueduto romano mas tem muito mais sítios por onde merece a pena passear e conhecer a sua história, tradições e gastronomia. Reconhecida pela UNESCO, em 1985, como Património Mundial, e integrada nos vários circuitos turísticos internacionais que passam por Espanha, aproveita-se do facto de estar a pouco mais de uma hora de distância de Madrid para ter as ruas cheias de visitantes de vários pontos do globo diariamente, sendo que nos contam que aumenta também o número de portugueses que a escolhe para uma visita de 2 ou 3 dias. E foi isso que aproveitando um fim de semana fizemos.

Elencamos as principais atrações turísticas que merecem a pena visitar em Segóvia. Para organizar a visita é apenas necessário traçar uma linha entre o aqueduto e o alcácer. Fácil!

Aqueduto Romano

Aqueduto de Segóvia, Espanha.

Datado do século II da nossa era, é o ex-líbris da cidade de Segóvia e não deixa de surpreender como a engenharia romana resolvia problemas com técnicas que ainda hoje continuam válidas. O facto de vencer o vale onde atualmente se situa a praça Azoguejo, elevando-se a 287 metros de altura possibilitando a chegada do precioso liquido desde a nascente de La Acebeda até ao interior da cidade romana, inusualmente localizada num alto. Além de observar o aqueduto nesta praça, local da sua máxima monumentalidade, propomos acompanha-lo até ao desaparecer da galeria, em direção à nascente, e assim poder descobrir arcos ogivais e uma inclinação nada natural dos seus arcos. Também em sentido contrário, e subindo pela rua San Juan vais encontrar a curiosa estátua do diabo a fazer uma selfie com o aqueduto, para depois rumar até ao miradouro do aqueduto no Postigo del Consuelo, foto imprescindível em Segóvia.

Aqueduto de Segóvia, Espanha.

Casa dos Bicos

Esta casa, que seguramente será prima da lisboeta casa homónima (LOL), foi erguida no século XVI pelo regedor da cidade, e provavelmente a fachada com pontas de diamante obedeça a critérios entre o decorativo renascentista e as funções militares de defesa ao encontrar-se esta casa junto a uma antiga porta da cidade.

Casa dos Bicos na rua real de Segóvia, Espanha.

Calle Real

Ainda que se procure no mapa não encontrarás a rua Real, dado que na atualidade esta corresponde a duas toponímias diferentes, constituindo-se como a principal artéria da cidade, e simultaneamente a de maior dinamismo comercial. Desde a casa dos Bicos saí a rua Juan Bravo que na sua reta final, antes de chegar à Plaza Mayor, se passa a denominar rua Isabel La Católica. Este eixo está repleto de uma variedade de estabelecimentos comerciais que vão desde as marcas internacionais, às lojas de recordações para turistas e até alguma loja tradicional que resiste ao tempo e às leis do consumo massivo.

La Alhóndiga

Trata-se de um enorme edifício industrial onde se armazenava o trigo para a cidade, tendo sido edificado no reinado da rainha Isabel de Castela (sec. XVI), pertencendo ao governo da cidade a sua gestão (atualmente é o arquivo histórico e galeria de exposições), atestado pelos brasões de armas da cidade que decoram a sua fachada.

Praça das Sereias

Plaza Medina del Campo, Segóvia, Espanha.

Outro dos topónimos que na realidade não existe, mas que é usado a diário pelos segovianos. A praça das Sereias faz referência a umas estátuas existentes na praça Medina de Campo, que na verdade tampouco são sereias (sirenas em castelhano), mas sim esfinges que decoram a escadaria de acesso à praça onde se ergue a estátua do comuneiro Juan Bravo que liderou as hostes locais contra o poder real. Também desde aqui se pode observar a torre de Lozoya, que pertenceu a uma casa-fortaleza da qual apenas resta o torreão (sec. XV) usado atualmente como espaço cultural.

Igreja de San Martín

Igreja S. Mantinho em Segóvia, Espanha.
As suas três impressionantes absides são um dos elementos decorativos que engrandecem a praça das Sereias. É um dos exemplos do românico nesta região, uma grande igreja urbana edificada no século XII, rodeada por uma galeria exterior, com colunelos e capitéis amplamente decorados. Sobressaí ainda pela enorme torre mudejár que eleva as dimensões desta igreja dedicada a S. Martinho.


Antiga Sinagoga Maior e Judiaria

Pátio de entrada na antiga Sinagoga de Segóvia, Espanha.
Atualmente denominada igreja Corpus Christi, e ao serviço do convento de clarissas, especialistas na venda de doces, o espaço foi erguido no século XIII, sendo uma das 5 sinagogas que existiam nas judiarias de Segóvia. Neste caso concreto foi "nacionalizada" pela coroa ainda antes da expulsão dos judeus de Espanha e rapidamente consagrada como igreja católica (1410). Desde este ponto pode partir-se à descoberta da judiaria de Segóvia, que se estende desde a rua Judería Vieja até à igreja de Sto. André.

Rua na judiaria de Segóvia, Espanha.

Plaza Mayor

Plaza Mayor de Segóvia, Espanha.
Originalmente denominada praça de S. Miguel por no centro dela se encontrar a igreja homónima, até que em 1532 o templo foi demolido e reedificando-se no lateral da praça. Como todas as praças maiores de Castela, aqui se encontra o edifício dos Paços do Concelho (Ayuntamiento) datado do século XVII.  Num topo da praça encontra-se o teatro Juan Bravo (sec. XX) e no outro topo as absides da catedral segoviana. Foi nesta praça que Isabel de Trastâmara foi proclamada rainha de Castela em 1474.

Catedral

Catedral de Segóvia, Espanha.


Catedral de Segóvia, Espanha.

Dedicada a N. Sra. da Assunção e S. Frutos (santo local), é um templo de grandes proporções, edificado no século XVI, ainda de manufatura tardogótica, com algumas influências já renascentistas, tendo sofrido melhoramentos barrocos. A beleza da sua abside e pináculos são o cenário ideal para a praça Mayor, dado que a sua portada principal encontra-se numa pequena ruela.  Este templo substiuíu a antiga catedral que se encontrava fronteira ao alcácer segoviano, de onde se transferiu o claustro gótico para esta nova edificação. No interior destaque para o retábulo barroco e para o coro, bem como a sua coleção de pintua (Entrada 3,00€/2019).

Claustro tardogótico da catedral de Segóvia, Espanha.

Alcácer

Alcácer de Segóvia visto desde a pradaria de S. Marcos, Espanha.

Alcácer de Segóvia, Espanha.
Este é o verdadeiro castelo de conto de fadas da península Ibérica. Os historiadores apontam a sua génese para a época celta, aproveitando a excelente localização, tendo transformando-se em paço real no século XIII, quando os reis D. João II e Henrique IV de Castela aqui se estabelecem as suas residências. O edifício enfrentou várias guerras e incêndios, tendo sido amplamente restaurado no século XIX. No interior destacam as salas com tetos trabalhados em madeiras da época mudéjar, azulejaria e algum mobiliário. A torre D. João II define o lado norte enquanto a sul o alcácer termina como a proa de um navio entre torreões de terminação cónica (Entrada 8,00€/2019). Para ter a melhor vista e foto do castelo o ideal é descer até à beira-rio e desde a pradaria de S. Marcos obter o postal ideal!


Igreja de S. Estevão

Igreja de S. Estevão em Segóvia, Espanha.
Considerada outras das joias do tardoromânico castelhano (sec. XII) sofreu vários incêndios ao longo dos tempos, sendo que atualmente o interior corresponde a uma reforma barroca. O exterior é marcado pela torre, considerada a mais alta da península Ibérica em estilo românico, apresentando ainda intacta a galeria com colunelos e capitéis historiados

Igreja da Vera Cruz e Convento S. João da Cruz.

Ao fundo o alcácer visto desde o portal da Vera Cruz, Segóvia, Espanha.
Do outro lado do vale do rio Eresma, na encosta fronteira ao alcácer situa-se a igreja da Vera Cruz, atual sede da Ordem de Malta em Espanha, e que a tradição diz ter sido fundada por cavaleiros templários, razão pela qual teria esta curiosa forma com doze lados, invocando o Santo Sepulcro de Jerusalém (Entrada 2,00€/2019). Nas proximidades, e junto a um outro santuário dedicado á padroeira local, encontra-se o convento de S. João de Deus, onde está sepultado este santo místico, numa capela em mármore verde (1927).

Sepulcro de S. João da Cruz, Segóvia, Espanha

Mosteiro de Santa Maria del Parral

Claustro da portaria de Sta. Maria del Parral, Segóvia, Espanha.
Trata-se de um convento de clausura da ordem jerónima, ainda em ativo, que se pode visitar de quarta a domingo às 11H e 17H (hora local), conforme a disponibilidade da congregação. Foi mandado construir por Henrique IV de Castela (sec. XV), estando considerado como uma das obras maiores do tardogótico espanhol. A visita permite conhecer o espaço da igreja, onde destaca o retábulo, o púlpito e o portal da sacristia, enquanto no espaço monacal se acede aos claustros da portaria e ao da hospedaria, enquanto o claustro processional apenas é visível por uma janela dado manter o uso para o qual foi criado, apenas acessível aos monges e noviços. (Entrada donativo/2019).

Interior da igreja monacal de Sta. Maria del Parral, Segóvia, Espanha.

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