Plasencia, capital do Vale do Jerte

Paços do Concelho de Plasencia, Espanha.

A cidade do Plasencia encontra-se precisamente no final do vale do rio Jerte, no norte da Extremadura (Espanha), sendo a sul o seu ponto final e onde se concentram os principais serviços deste vale conhecido internacionalmente pela floração das suas cerejeiras (em Abril) e como tal pelas saborosas cerejas que aqui se produzem.

A sua posição estratégica levou a que Afonso VIII de Castela decidisse fundá-la de forma a fortalecer a fronteira com o Islão, que aqui se situavam em 1186. Três anos depois obtém bula papal que lhe outorga bispado, como forma de fortalecer as fronteiras sul do cristianismo. Foi nesta cidade medieval que em 1475 D. Afonso V se casou com a pretendente ao trono espanhol, D. Joana de Trâstamara, na tentativa de coroar-se rei consorte de Castela e Leão.

Muralha e barbacã de Plasencia, Espanha.
O seu centro histórico encontra-se quase na totalidade cercado pelas muralhas medievais que a defenderam desde o século XII, e que nos últimos anos se têm libertado das construções que a ela se foram apensando, deixando assim visível tramos de muralha e torreões. Para entrar na cidadela existiam várias portas que comunicavam diretamente com a praça Mayor, sendo as mais curiosas a porta do Sol ou a porta de Trujillo, transformada em oratório no sec. XVIII, em devoção a N. Sra. da Saúde, que se venera entre as torres que a flanqueiam, tendo pelo lado intramuros belos esgrafitos pelo lado interior. Merece a visita a chamada Torre Lucía, que acolhe o centro interpretativo das muralhas e cidadela medieval (Entrada gratuita/2019). Se a visita coincidir com o mês de agosto convém conferir se há espetáculos do Festival Internacional de Música Folk, que decorrem junto a esta torre.

Interior da porta de Trujillo, Plasencia, Espanha.
Também de época medieval os "arcos de San Antón", aqueduto construído no século XVI, do qual se pode observar a parte sobrevivente  na zona extramuros, junto ao bairro de S. Antón.

Abuelo Mayorga, Plasencia, Espanha.
O centro da vida placentina decorre na sua praça Mayor, sobretudo nas terças-feiras quando ali tem lugar a feira semanal com produtores locais! Mas também nos dias de diário pela animação das esplanadas e pelo vaivém dos locais a caminho dos serviços públicos. Aqui se localizam o quinhentista Paços do Concelho, com as suas arcadas renascentistas mas ainda com pináculos góticos. É nesta fachada que se encontra o fator "sui generis" de Plasencia. Trata-se do "Abuelo (avô) Mayorga", um automata, que veio completar a torre do relógio renascentista, ali colocado 1743, para tocar o sino e dar as horas à povoação. É uma das imagens de marca distintivas de Plasencia.

Fachada da Catedral Nova de Plasencia, Espanha.

Fachada românica da Velha Catedral de Plasencia, Espanha.

Torre do Melão na Velha Catedral de Plasencia, Espanha.
A catedral de Plasencia na verdade são duas! A Catedral Nova engole, literalmente, a Velha Catedral, dilapidando-lhe a cabeceira e cruzeiro numa nova fábrica quinhentista, oscilando entre o gótico final e o isabelino ou plateresco, precursor do renascimento. Da catedral primitiva conserva-se o corpo do templo e a fachada românica, com um belo portal de arquivoltas encimado pelo alto-relevo da Anunciação, que convive no exterior com a catedral nova e o seu estilo plateresco, fazendo destas duas catedrais incompletas um belo "Frankenstein" unido pelo claustro onde se pode perceber as etapas de construção inacabadas em 1578. Um dos espaços originais neste(s) templo(s) é a capela de S. Paulo, antiga sala capitular, conhecida como a Torre do Melão, que exteriormente é coroada por um zimbório de inspiração bizantina à semelhança da torre lanterna da catedral eborense. (Entrada 4,00€/2019).

Sem sair da praça da catedral encontram-se um conjunto de palácios que só por si formam um conjunto monumental invejável. O palácio Episcopal (sec. XVI), a casa do Deão com a sua bela varanda brasonada de esquina (sec. XVII) e o anexo palácio Conde de Torrejón com loggia renascentista e torre mais antiga com janelas trilobadas.

Casa do Deão, Plasencia, Espanha.
Outro núcleo monumental é o que se desenvolve em redor da igreja de S. Nicolás (sec. XIII) com portal de transição do românico ao gótico e uma melhor pia batismal da mesma época. Detrás da igreja encontra-se o palácio mais antigo de Plasencia, chamado das Duas Torres, datado do século XIII/XIV, apresentando atualmente uma fachada neogótica ladeada por duas torres medievais, na qual sobrevive o portal românico original ladeado por leões. Foi este o local escolhido por Fernando de Aragão, o rei católico, para se retirar da vida política quando enviuvou.

Plaza de S. Nicolás, Plasencia, Espanha.

Palácio Mirabel, Plasencia, Espanha.

Igreja de S. Nicolás, Plasencia, Espanha.

Abobada da escadaria do antigo convento de S. Vicente Ferrer, Plasencia, Espanha.
Fronteiro à igreja de S. Nicolás situa-se o mais importante e poderoso palácio placentino, construído pelos Duques de Plasencia no século XV, e conhecido como Mirabel. Trata-se de um edifício particular, visitável conforme a disponibilidade dos proprietários (Entrada 4,00€/2019) em cujo interior conserva obras de arte da antiga Roma, provenientes de Mérida, uma coleção de azulejos e um claustro renascentista de belas proporções, além do busto do Imperador Carlos V, classificado património nacional.

Vizinho ao palácio, e sobre seu patrocínio, estabeleceu-se o convento domínico de S. Vicente Ferrer, hoje transformado em parador (pousada), sobrevivendo-lhe com o seu uso original a igreja que alberga um museu da Semana Santa (Entrada 1,00€/2019).

Além destes mencionados monumentos há uma boa variedade de outros edifícios palacianos e religiosos dentro do perímetro amuralhado da cidade, nos quais se vai tropeçando à medida que se percorrem as ruas e ruelas, e que compõem a variedade monumental de Plasencia.

Se o tempo o permite, o local ideal para um piquenique ou para terminar a tarde, e até refrescar-se com um mergulho, é a Ilha, um pequeno ilhote no rio Jerte, que é uma zona verde com espaços desportivos e esplanadas.

Desde Plasencia, além de subir o Vale do Jerte, a norte, aconselha-se a visita ao Parque Nacional de Monfragüe, a sul.

TAMBÉM TE PODE INTERESSAR




Sem comentários

Com tecnologia do Blogger.