Estas três localidades,
aldeias históricas das beiras portuguesas, constituem uma boa hipótese para um fim de semana pelo interior de Portugal com um orçamento ajustado e que seguramente não te deixarão indiferente.
Trancoso
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Porta Real de Trancoso. |
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Rua dos Mercadores, Trancoso. |
Aproximar-se do centro histórico de Trancoso, é ir ao encontro dos altos muros que a envolvem e protegeram ao longo dos séculos. Conquistada pelo rei fundador é posteriormente elevada à categoria de burgo comercial com direito a feira franca, o que lhe dará relevância territorial e importância na corte durante os primeiros alvores do reino. Porventura o episódio maior da sua história seja o ter servido de cenário para o enlace entre a jovem princesa de Aragão, Isabel, e o rei lavrador, D. Dinis, em 1282, depois de anos de negociações entre as duas coroas ibéricas.
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Praça D. Dinis, Trancoso. |
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Torre de Menagem do castelo de Trancoso. |
Outra figura atravessa a história e as estórias de Trancoso, trata-se do sapateiro e profeta Gonçalo Bandarra, perseguido, condenado e famoso além-fronteiras pelas suas trovas messiânicas e sebastianistas que alertavam para a vinda do salvador pátrio. Imprescindível visitar o pequeno museu local que perpetua o nome e aventuras desta figura histórica e impregnar-se da sua história.
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Admirando a Casa do Gato Preto, Trancoso. |
Fronteiro à Casa do Bandarra, o centro de interpretação judaica de Trancoso e que deverá servir de base para partir à descoberta da presença desta comunidade na vila medieval. Ali bem perto, e é plena judiaria, a casa conhecida como do Gato Negro, pelo felino talhado no granito da sua fachada, mas que os historiadores devolvem à verdade histórica identificando nele o leão de Judá, ou seja, a cristianização do bairro pela referência direta a Jesus Cristo.
Última nota para as suas sardinhas, que adoçam a vida aos locais e a visita aos nómadas que a percorremos. A receita conventual das clarissas locais mistura em doses certas o azeite, farinha, amêndoas e canela que levariam muitas delas ao pecado capital da gula e que hoje são o epíteto perfeito para uma refeição regional entre os muros de Trancoso.
Foz Côa
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Praça do Município, Foz Côa. |
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Altar mor da igreja matriz de Foz Côa. |
Para uma geração Foz Côa deriva pontualmente na estrofe musical "não sabe nadar", numa referência à descoberta e conservação das gravuras rupestres hoje classificadas como Património Mundial. A visita ao Museu e a expedição em 4x4 às gravuras, não deve impedir-nos de visitar o património edificado da vila, sobretudo ao redor da praça do Município, onde além do palacete dos Paços do Concelho e da estátua d'El Rei D. Dinis, ergue-se ao centro o pelourinho manuelino e a seu lado a igreja matriz de N. Sra. da Piedade, cuja fachada exibe um magnífico portal manuelino que permite aceder a uma humilde mas ricamente decorada igreja, em cujo altar ganha importância a vida de Maria e Jesus contada qual revista de banda desenhada, em 27 caixotões que completam o retábulo barroco.
Sortelha
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Porta da Vila, Sortelha |
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Casa típica beirã em Sortelha. |
A cidadela de Sortelha permanece ancorada à Idade Medieval, conservada pela presença permanente de população dentro da zona intramuros e pelo isolamento geográfico onde se situa, cercada de montes que a preservam para o futuro.
Cruzar a Porta da Vila é ir ao encontro da história medieval de Portugal, começando pelo Largo do Corro onde um primeiro Passo de Via Sacra nos saúda ao entrar e uma serie de casas de tipologia tradicional com a planta baixa dedicada aos animais e ou comércio e as plantas superiores para a habitação familiar servem de comissão de boas vindas. A visita segue quase automaticamente pela rua da Fonte, tendo à entrada a mesma bem como outros exemplos de casario quinhentista, que nos introduz no largo principal da vila, onde se encontra o Pelourinho manuelino, o castelo trecentista e a Casa da Câmara em cujo piso térreo se situava a prisão e hoje podemos adquirir peças de artesanato local.
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Largo D. Dinis, Sortelha. |
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Igreja matriz de Sortelha. |
O deambular dentro destas muralhas em direção à Porta Nova ou então à Porta Falsa, far-nos-á tropeçar em outros exemplos de edificações significativas, como sejam a igreja Matriz de N. Sra. das Neves (sec. XVII), em cujo adro e arredores se encontram também sepulturas escavadas na rocha; a casa árabe, a casa paroquial, a torre sineira ou o forno comunitário.
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Rocha da cabeça da velha, Sortelha. |
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Sortelha vista desde o seu castelo. |
No fundo o passeio entre as pedras das muralhas, as cantarias que separam o domínio público dos jardins privados e as rochas que servem de suporte às estruturas urbanas é um percurso de curiosos encontros com a história e uma forma de vida, ao qual temos hoje acesso pela insistência dos habitantes locais por preservar esta pequena joia anelar de pedra.
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Rua da mesquita, Sortelha. |
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