S. Roque, a (rica) misericórdia de Lisboa

Interior igreja S. Roque, Lisboa.

Se existe uma igreja em Lisboa que tem que ser visitada obrigatoriamente é a igreja de S. Roque. Este santo francês, protetor das pestes, ganhou rapidamente fama após a sua morte, devendo-se ao rei D. Manuel I a chegada a Lisboa de uma relíquia do santo para proteger a capital lusa desta doença. Já no século XVI, e com a chegada dos Jesuítas, a Companhia vai ocupar o espaço da antiga ermida de S. Roque e seus terrenos para erguer a sua casa mãe em Portugal.


Relicário, igreja S. Roque, Lisboa.

O atual edifício, obra do italiano Felipe Terzi, corresponde à tipologia das igrejas jesuítas que se espalha pelo antigo império português de Timor ao Brasil, fachada classicista e anterior amplio para albergar aos ouvintes da pregação, e onde se destacou a figura maior do Padre António Vieira.

O espaço que, até à expulsão dos jesuítas, foi ocupado pela principal casa portuguesa da Companhia de Jesus, foi entregue pelo rei D. José I à Misericórdia lisboeta, que lhe tem servido de sede e onde se encontra também o museu de S. Roque, onde se pode conhecer desde os primórdios do local, incluindo a relíquia de S. Roque, ao tesouro da capela de S. João Batista.

Capela Sto. António com pinturas de Vieira Lusitano, igreja S. Roque, Lisboa.
Retábulo estilo nacional da capela N. Sra. Doutrina, igreja S. Roque, Lisboa.

O interior do templo é um expoente maior do barroco: talhas douradas, azulejos, pinturas, pedras semipreciosas, mármores, pratas e bronzes... Desde o teto pintado desta igreja salão, que sobreviveu ao terramoto de 1755, às capelas oitocentistas e aos painéis de azulejos, tudo neste templo é uma aula de artes decorativas setecentistas.

Capela S. João Batista, igreja S. Roque, Lisboa.

Admirando o tesouro de S. Roque, Lisboa.
O destaque maior vai para a capela de S. João Batista, obra encomendada em Itália pelo rei D. João V, e que é uma obra maior do barroco internacional. Depois de benzida pelo papa em Roma foi novamente desmontada e trazida para Lisboa para a sua montagem final em S. Roque em 1747. Os mármores, pedras semipreciosas, bronzes, mosaicos, pinturas fazem o enquadramento para as cerimónias religiosas que ali ocorriam, elevadas ao máximo esplendor pelo uso de alfaias litúrgicas e paramentos desenhados em exclusivo para esta capela pelos mesmos artistas italianos, Luigi Vanvitelli e Nicola Salvi, que pensaram toda a capela como um pequeno teatro sagrado para as pomposas cerimónias às quais assistia a corte.


Natividade de S. Roque no museu homónimo em Lisboa.
No museu anexo conta-se a fundação da capela de S. Roque para albergar a relíquia do santo, a posterior chegada dos Jesuítas e a sua função como Misericórdia lisboeta. Ao igual que na igreja o destaque vai para o tesouro da capela de S. João Batista, que serviu de origem à fundação do museu em 1905 (Entrada 2,50€/2019).

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