Visitar Granada em 3 dias, o imprescindível

Alhambra iluminada vista desde o bairro de Albaicín, Granada, Espanha.
Granada, a antiga e última capital islâmica do sul da península Ibérica, que marca com a sua conquista cristã o final da Idade Média, é um dos destinos mais procurados da Europa, e com razão.

Neste apontamento registamos alguns dos locais e experiências imprescindíveis para uma visita a Granada, uma cidade de sabor islâmico, fundada em 1013, e que vai enriquecer-se ao longo dos tempos e das sucessivas conquista muçulmanas até à sua rendição aos Reis Católicos em 1492. A antiga cidade nasrida, conhecida como Alhambra, declarada património mundial em 1984 é um dos monumentos mais visitados do mundo, e sobre a qual podes ler-nos neste outro apontamento.

Hoje é uma metrópole de 500.000 habitantes, multicultural, universitária e comercial, que sabe acolher os milhares de turistas que a percorrem diariamente, e que mostra as suas várias faces e fases ao longo do dia, não deixando de enfeitiçar quem a percorre.

Rio Darro, Granada, Espanha.
Um dos percursos obrigatórios nesta cidade é o passeio ao longo do rio Darro, um pequeno rio que desaparece debaixo da praça de Sta. Ana, seguindo o seu percurso urbano canalizado subterraneamente desde o sec. XIX. Partindo desde a Plaza Nueva e praça Sta. Ana tem inicio uma estreita rua encravada entre o rio e o bairro muçulmano de Albaicín, e pela qual se acede também ao Sacromonte e à Alhambra. Esta rua conhecida pelo curioso nome de "passeio dos tristes" é uma coluna vertebral do turismo local, recheada de lojas, hotéis e esplanadas.

Passeio e Fonte dos Tristes, Granada, Espanha.

Desde o miradouro do passeio tem-se um belo panorama sobre a Alhambra, sendo este o local ideal para um refresco antes de entrar dentro do bairro de Albaicín. A trama urbano mantém o mesmo desenho do bairro nasrida que se estendia fronteiro à Alhambra no sec. XI e que foi posteriormente cercado por muralhas. A visita ao bairro faz-se obrigatoriamente perdendo-se entre as ruas estreitas e idealmente ao som de "Hay una musica del pueblo", cantada em dueto por Mariza e José Mercé! Este bairro está declarado Património Mundial desde 1994, como extensão e complemento à declaração da Alhambra.

No cimo do bairro situa-se o miradouro de S. Nicolau (San Nicolás), local para "a" fotografia ideal de Granada. Recomenda-se estar ali à hora do pôr-do-sol, enfrentando a Alhambra com a sua cor avermelhada tendo ao fundo os cumes brancos da Sierra Nevada. É um dos imprescindíveis de Granada e seguramente um dos mais belos entardeceres do mundo!

Porta de Elvira, Granada, Espanha.
Continuando perdido pelo Albaicín, entre "cármenes" e "aljibes", que é como quem diz entre casas ajardinadas de muros altos e cisternas, é tempo de procurar outra rua castiça deste bairro, a "Caldería nueva" recheada de salões de chá perfumados de hortelã e fumo dos cachimbos de água. Saindo desta rua encontramos perpendicularmente a rua Elvira, a que fora a principal artéria de Granada, que comunica com a porta homónima, testemunho persistente da dominação nasrida da cidade.

Basílica de S. João de Deus, Granada, Espanha.
Um dos pontos que une esta cidade da Andaluzia a Portugal é a memória partilhada de S. João de Deus, este jovem alentejano que descobre a sua vocação numa visita a Guadalupe dedicando-se desde então ao auxilio dos doentes, posta em pratica em Granada com a fundação do seu primeiro hospital e dando origem à Ordem Hospitalária. A basílica edificou-se para ser o sepulcro do santo luso, sendo uma das mais importante obras barrocas espanholas, e no interior do qual se encontra o sarcófago com as relíquias do santo. (Entrada 4,00€/2018).

Claustro do antigo hospital de S. João de Deus, Granada, Espanha.
Nas proximidades do antigo convento-hospital (sec. XVI/XVII), erguem-se uma serie de outros edifícios religiosos que merecem vista: a igreja do Oratório de S. Filipe Neri (sec. XVII), o real mosteiro de S. Jerónimo (sec. XVI / entrada 4,00€/2018), o antigo colégio jesuíta de San Pablo, hoje faculdade de direito, e a sua igreja de San Justo y Pastor (sec. XVI/XVIII).

Antigo Colégio de S. Paulo, Granada, Espanha.

Cabeceira da igreja do mosteiro de S. Jerónimo, Granada, Espanha.
Hoje um dos eixos centrais da cidade é a Gran Via de Colón, artéria aberta no sec. XIX para substituir a paralela rua Elvira, com alguns edifícios oitocentistas e que desemboca na praça Isabel La Católica, onde precisamente se encontra a sua estátua entregando a Cristóvão Colombo a autorização régia para a sua viagem de descoberta das Américas.

Estátua e praça de Isabel de Castela, Granada, Espanha.
Outro dos polos a não perder na cidade é o conjunto em redor da Catedral. Entrando desde a Gran Via de Colón, a rua dos Ofícios é uma pequena artéria entre a Capela Real e os antigos Paços do Concelho. Este palácio municipal (sec. XVIII), hoje pertença da universidade local, foi fundado precisamente como madraça (universidade muçulmana) no sec. XIV, conservando dessa época o oratório com uma espetacular decoração mudéjar, cobrindo o mihrab e cúpula octogonal (entrada 2,00€/2018).

Oratório muçulmano da madraça de Granada, Espanha.

Em frente à Madraça encontra-se a Capela Real (sec. XVI), mandada erguer pelos Reis Católicos para servir de seu panteão. É um exemplo do estilo isabelino, contemporâneo do nosso manuelino, e, onde além dos reis católicos, tem sepulcro também o filho primogénito de D. Manuel I de Portugal e de Isabel de Aragão, D. Miguel da Paz. Destaca-se neste templo, dedicado aos Santos João Batista e João Evangelista, a grade que fecha o cruzeiro e "protege" o túmulo dos Reis Católicos e o dos reis de Castela Filipe I e Joana I, o retábulo plateresco como exaltação dos reis Isabel e Fernando, a Lonja (receção / bilheteira) e a Sacristia (Entrada 5,00€/2018).

Altar mor da Catedral, Granada, Espanha.

Interior da Catedral, Granada, Espanha.

Fachada principal da catedral granadina, Espanha.
A grande mole da Catedral, que incluí ainda uma outra igreja adoçada do Sacrário, substitui por ordem direta de Isabel La Católica, a antiga mesquita maior granadina, cujas obras maioritárias corresponde ao reinado de seu neto o imperador Carlos V, que vai concluir o primitivo templo gótico encarregando a obra a Diego de Siloé, mestre renascentista, e que se prolongará ao longo dos séculos. A sua fachada "coxa" apresenta apenas uma torre campanário desequilibrando-a. (Entrada 5,00€/2018).

De regresso à Plaza Nueva, repousam agora os nossos na fachada da Real Chancelaria, obra maior do renascimento regional e em cujo edifício funciona atualmente o Tribunal Superior da Andaluzia. Ao lado a igreja de S. Gil e Sta. Ana, cujo campanário reaproveitou o minarete da antiga mesquita, porta de entrada de regresso à Carreira do rio Darro.

Real Chancelaria na Plaza Nueva de Granada, Espanha

Para uma das noite em Granada há que reservar uma ida ao Sacromonte, bairro típico na continuação do Albaicín e fronteiro à Alhambra, onde reside uma comunidade cigana dedica ao cante flamenco, canção Património Imaterial da UNESCO ao igual que o nosso fado, e que aqui se venera e reproduz a diário nas casas-grutas qual casas de fado lisboetas.

Granada é conhecida também pelas suas "tapas grátis"! Esta gratuitidade é compensada pelo preço mais elevado das bebidas que acompanham os petiscos, ideais para servirem de almoço rápido ou lanche numa estadia prolongada nas esplanadas. Há uma imensa oferta e várias zonas frequentadas por turistas e locais, sendo uma descoberta pessoal a Calle Virgen del Rosário, onde existem vários restaurantes e uma instituição local, Los Diamantes, casa dedicada aos peixes fritos e cozidos típicos da Andaluzia, que aqui foi fundada em 1942 ainda que existam outros "Diamantes" mais recentes espalhados por outros bairros de Granada. Além do mais esta rua é das poucas empedradas com seixos do rio dando-lhe um aspeto bem pitoresco!

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