Visitar a Alhambra, o palácio ibérico das mil e uma noites

Pátio dos Leões, Alhambra de Granada, Espanha.

O primeiro passo, no caso de se pretender num futuro próximo efetuar uma visita à Alhambra e Generalife de Granada, é reservar a entrada para a visita aos palácios. O ideal é faze-lo usando a página oficial do monumento escolhendo dia e horário de visita de forma a estruturar a tua visita a Granada. Existe outra hipótese que é comprá-lo com as visitas guiadas que vendem as agências de viagens locais ou ainda a revenda na receção do teu hotel.

Este conjunto de construções no alto de Granada, classificado como Património Mundial pela Unesco em 1984, alargado ao fronteiro bairro de Albaicín dez anos depois, é um dos monumentos mais visitados de Espanha e mundo, daí a chamada de atenção anterior.

Vista desde a Alhambra para o Albaicín, Granada, Espanha.

Desde a praça de Isabel La Católica, no topo da Gran Via de Colón, há duas linhas de minibuses que conetam com a entrada da Alhambra (C30 e C32) em menos de 10 minutos (Preço 1,40€/2018). Depois de passar a linha de segurança conta com 10 a 15 minutos até chegar aos Palácios Nasridas ou Nazarís onde se inicia a visita ao recinto, acrescido do tempo de espera na fila de entrada.

Palácios Nasridas

Pátio de Colmares, Alhambra de Granada, Espanha.

Admirando o Albaicín, Granada, Espanha.
Os palácios nasridas são uma série de edificações do sec. XIV, correspondendo à última época muçulmana, construída pela dinastia que lhes dá nome e onde viveram os últimos sultões granadinos. A primeira sala a visitar corresponde ao Conselho de Ministros do sultão (Maswar), ao qual este podia assistir sem ser visto desde uma estancia superior, seguindo o percurso pelo oratório e pátio, acedendo-se depois ao Quarto Dourado, espaço transformado depois da rendição, ao igual que toda a Alhambra, com a introdução dos escudos reais espanhóis no traçado geométrico muçulmano,
conservando as frases do Corão e de exaltação a Maomé. É o caso desta instância que foi preparada para acolher a esposa do imperador Carlos V, a portuguesa Isabel, filha de D. Manuel I.

O palácio de Comares organiza-se em torno do tanque do pátio central, tendo sido erguido por sucessivos sultões ao longo dos sec. XIV para sede do poder administrativo, com várias dependências em torno do pátio, como a sala de Embaixadores ou a sala da Barca. Nesta última além dos gessos e azulejos que cobrem as paredes e o excecional teto de cedro, representando o paraíso muçulmano, a curiosidade de não existir nenhuma barca, mas sim a palavra árabe "baraca" inscrita no interior do escudo nasrida, significando bendição.

Sala moçárabe, com o escudo de Filipe II de Espanha contendo o reino de Portugal, Alhambra, Granada, Espanha.

Desde o pátio central tem-se acesso ao seguinte palácio denominado dos Leões, edificado no final do sec. XIV para residência do sultão, em cujo centrado se encontra o pátio dos Leões e a famosa fonte suportada por 8 leões, sendo um raro exemplo de representação de animais na arte muçulmana dado a proibição expressa no Corão! O pátio é de uma delicadeza extrema, a finura das colunas de mármore que suportam os arcos que o delimitam e a decoração de filigranas das suas paredes. Entramos no pátio ultrapassando o harém e a sala moçárabe onde podemos apreciar o teto original e o da época cristã, devido a uma explosão que expôs o primeiro. Desde o pátio acede-se ao quarto do sultão, com a curiosidade de não contar com janelas ao exterior, e à sala dos Reis, destinada a festas familiares, destacando-se os seus tetos pintados representando os reis de Granada incluindo o seu fundador, o sultão Mohamed ben Nazar, de cognome o vermelho devido à cor ruiva da sua barba.

Teto da Sala dos Reis, Alhambra de Granada, Espanha.


Sala das duas irmãs, Alhambra de Granada, Espanha.
Segue-se a sala das duas irmãs, com mais um belo teto em escada, e o miradouro de Lin-dar-Aixa, com vista sobre o rio Darro e o Albaicín. Depois passa-se os quartos do imperador, já de época cristã até chegar aos jardins e aos restos do antigo palácio do sultão, denominado de El Partal, com o seu tanque e miradouro sobre o rio.

Tanque d'El Partal, Alhambra de Granada, Espanha.

Desde aqui inicia-se o caminho de ronda pela muralha, passando pelas várias torres-palácio, a caminho do Generalife.

Generalife

Esta casa de repouso dos sultões granadinos, exterior às muralhas da Alhambra, foi edificada nos primeiros anos do sec. XIV, sofrendo melhorias ao longo desse século. Os seus jardins e tanques levam-nos a imaginar a família real em alegre entretenimento nos fins de tarde de verão correndo entre canteiros, jogos de água e sombras desejadas.

Pátio da acéquia, Alhambra de Granada, Espanha.
O pátio da acéquia corresponde a um tanque central com repuxos e deve o nome ao canal que transporta água desde esta zona até à Alhambra, e no topo a Sala Real e o Miradouro de Ismail I, decoradas com estuques.

Descendo encontra-se o pátio do Cipreste da Sultana que as lendas associam aos encontros românticos da última sultana nasrida com um nobre de família muçulmana. Este pátio é um bom exemplo dos jogos de água e vegetação na procura de refrescar os cálidos verões do sul da península.

A escada de água que comunica com a capela no cimo do monte e os jardins sucessivos comunicam com um recente anfiteatro, regressando de novo ao interior da muralha da Alhambra.

Palácio de Carlos V

Pátio do palácio de Carlos V, Alhambra de Granada, Espanha.

O imperador Carlos V escolheu Granada para situar a sua corte, usando os palácios nasridas até à construção do seu palácio renascentista. A obra encarrega-a a Pedro Machuca, discípulo de Miguel Ângelo, que vai edificar algo nunca visto por estas latitudes, onde imperava ainda o gótico e o isabelino, e uma novidade no renascimento europeu Trata-se de um edifício quadrado de dois pisos, de enormes proporções, centrado por um pátio circular. No exterior o rés do chão está todo almofadado com pilastras e o superior com janelas de frontões triangulares e colunas jónicas. A fachada apresenta vários baixos-relevos que a decoram.

O edifício acolhe no piso térreo o Museu da Alhambra, com peças arqueológicas, enquanto no piso alto esta sedeado desde meados do século passado o Museu de Belas Artes.

Alcáçova

Vista da alcáçova de Granada, Espanha.

Depois de refrescar-se e recuperar forças falta o último núcleo da Alhambra e que corresponde à zona militar e defensiva. A alcáçova originalmente fundada no sec. XI foi sucessivamente reforçada e melhorada. Várias torres, linhas de muralhas, pátios de armas e inclusive uma obra abaluartada constituem este recinto, onde a torre do Cubo se constitui como um miradouro privilegiado sobre a cidade ou a altaneira torre de Vela. Os jardins do Adarve encaminham os visitantes até à Porta da Justiça, em cujo arco exterior se encontra a Mão de Fátima, talismã muçulmano, colocado na pedra chave do arco. Antes de iniciar a descida convém descansar junto à Fonte de Carlos V,  atravessando depois o bosque até à Porta das Granadas, em português romãs, símbolo e nome desta cidade a cujo centro regressamos.

Porta da Justiça, Alhambra de Granada, Espanha.

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