Vejer de la Frontera, aldeia branca de mulheres de negro

Igreja do Salvador vista desde o adarve do castelo, Vejer de la Frontera, Espanha.
Se começarmos por dizer que esta povoação faz parte da rede dos "pueblos más bonitos de España" já está mais que justificada a ida até esta aldeia . Localizada a 50 kms de Cádiz, e bem perto de praias paradisíacas como Caños de Meca (16 kms), El Palmar (14 kms) ou da vila piscatória (e balnear) de Barbate (10 kms) fazem com que seja o local ideal para uma excursão à procura do interior gaditano.

A íngreme subida para atingir a aldeia serviu-lhe de proteção, erguendo as suas muralhas a quase 200 metros de altitude, protegendo-a repetidas vezes contra invasores. Da sua fundação tartéssica nada chegou aos dias de hoje, sendo os vestígios mais antigos do século XI, correspondendo às portas e muralhas muçulmanas.

Ruela de Vejer de la Frontera, Espanha.
É precisamente o entramado das suas ruas intramuros, a brancura das habitações ou os pátios floridos e o cheiro a flor de laranjeira na primavera que nos transladam para uma aldeia medieval muçulmana em pleno século XXI.

Perder-se pelas suas ruas, subir e descer, deixar-se levar pela escolha da direção tentando seguir as sombras e escondendo-se do sol refletido pelas paredes caiadas, é o melhor roteiro dentro das muralhas de Vejer de la Frontera.

Interior do castelo de Vejer de la Frontera, Espanha.
Um dos locais a visitar é o seu castelo, hoje propriedade privada e transformada em casas de habitação, mas que amavelmente nos permitem entrar, e descobrir o pátio de armas com os seus arcos de ferradura, a cisterna e as suas muralhas perfumadas por jasmins.

Perto do castelo, o portal renascentista da antiga igreja e convento das Concecionistas, ocupado por um museu etnográfico (Entrada 1,00€/2018) e ao lado a rua mais típica e fotografada da aldeia amuralhada, a rua do Arco de la Monja, que na verdade são contrafortes que se edificaram após o terramoto de 1755.

Igreja do Salvador, Vejer de la Frontera, Espanha.
Um pouco mais à frente a igreja paroquial do Salvador, onde se podem observar vestígios do seu passado como mesquita, o gótico mudéjar que a cristianizou e o gótico flamejante que lhe queria dar grandezas de catedral e que as dificuldades não permitiram concluir.

Vejer de la Frontera, Espanha.
Em vários pontos da aldeia tropeçaremos com referências a figuras femininas vestidas de negro ocultando a sua cara, qual burca, deixando visível apenas um olho da mulher que se ocultava debaixo deste traje. Este traje, denominado de "La cobijada", pode entender-se como uma tradição muçulmana que perdurou ao longo do cristianismo, passando por épocas de proibição do seu uso, mantendo-se hoje como uma das características únicas deste lugar.

Selfie em Vejer de la Frontera, Espanha.
Saindo da zona amuralhada, abre-se a praça de Espanha, também chamada dos peixinhos, representados nos azulejos da sua fonte e bancos, e logo ao lado a Casa do Mayroazgo, casa senhorial oitocentista, também transformada em várias habitações com um belo pátio e acesso aos adarves da muralha.

Vejer foi e é alma muçulmana, terra branca de mulheres de negro que deixou vontade de voltar, e quiçá permanecer num dos muitos turismos rurais ideais para fins de semana românticos.



Vejer de la Frontera, Espanha.

Rua do Arco da Monja, Vejer de la Frontera, Espanha.

Pátio em Vejer de la Frontera, Espanha.

Ruela de Vejer de la Frontera, Espanha.

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