Castelo Templário e Convento de Cristo

Exterior da Charola visto do claustro da Lavagem, Convento de Cristo, Tomar.
D. Afonso Henriques doa este território aos Templários e Gualdim Pais, Grão-Mestre da ordem, funda e instala aqui a sua sede. Do castelo templário chegaram aos nossos dias a sua muralha, a Torre de Menagem e o Oratório, que hoje apelidamos de Charola. Os espaços dentro da alcáçova templária foram sucessivamente ocupados pela posterior construção e ampliações do convento de Cristo.

Todo este recinto foi declarado em 1983 Património Mundial, devido a ser um testemunho do românico e dos templários, em especial a Charola, não só em Portugal como em toda a Europa; do gótico e manuelino, no período das descobertas; do renascimento com a reforma da ordem, passando pelo maneirismo e terminando no barroco, testemunhando sete séculos de sucessivas intervenções.

O coração do Convento de Cristo é a Charola, construída como oratório templário, repetindo o mesmo desenho da sua sede na Terra Santa, o Santo Sepulcro de Jerusalém. É uma obra-prima da história universal e um testemunho sem igual da Ordem do Templo. De traço bizantino e planta centralizada no tambor octogonal em torno do qual se desenvolve o deambulatório que se multiplica em dezasseis faces exteriores que conformam o oratório.

Quando o papa Clemente V decreta a extinção da Ordem dos Cavaleiros do Templo, vai ser o rei D. Dinis quem solicita a criação de uma ordem de cavaleiros em Portugal, sendo-lhe concedida autorização em 1319 para a criação da Ordem de Cristo, por bula do papa João XXII, autorizando-a e herdando todos os bens dos templários. Após uma passagem por Castro Marim, e já com o Infante D. Henrique como Mestre, regressam a Tomar.

Selfie junto à Janela Manuelina, Convento de Cristo, Tomar.
Vai ser ele que inicia a construção do Convento de Cristo, com a criação das celas dos monges em redor dos claustros medievais hoje conhecidos como do Cemitério e da Lavagem, além de uma área reservada a sua residência.

D. Manuel I encarrega a Diogo de Arruda, e depois a João de Castilho, a construção de uma igreja, mutilando o oratório original e abrindo-lhe um grande arco que comunica com esta, passando a charola a servir como capela-mor, reformulando a sua decoração introduzindo pinturas murais, douramentos, esculturas de Olivier de Gante, e tábuas com pinturas de Jorge Afonso. O novo portal da igreja, também de João de Castilho, dedicado à Virgem Maria, permitia o acesso ao corpo da igreja e daí ao coro alto e à sala do capítulo, cujas janelas vão ser ricamente decoradas ao gosto manuelino, sendo a axial à charola conhecida mundialmente como a janela manuelina por excelência. Esta é, porventura, o melhor exemplo do manuelino, com a sua decoração naturalista e vegetalista às quais se junta cordas, correias e personagens mitológicos e religiosos.

Durante o reinado de D. João III a ordem vai transformar-se e também o espaço que acolhe os monges. A sua transformação em ordem de clausura vai obrigar a criar novos espaços no convento e serão criados novos espaços, sendo o claustro Grande, maneirista, o novo centro da vida monacal, aos quais se unem os claustros dos Corvos, da Micha e da Hospedaria.

Recordar que foi precisamente nas obras, ainda incompletas na Sala Capitular que D. Felipe II de Espanha reúne Cortes que o aclamaram como rei de Portugal. A conclusão dos trabalhos do aqueduto, da ala dos novos dormitórios, zonas do noviciado e refeitório, serão realizadas já durante o reinado de Felipe III de Espanha, que também constrói a nova sacristia junto ao claustro do Cemitério.

 A botica e a enfermaria serão já terminadas no período da Restauração, voltando o Mestre da ordem a ser um português, o rei D. João IV.

No sec. XIX com a extinção das ordens religiosas e depois de várias vicissitudes o convento é adquirido pelo Marquês de Tomar que transforma parte dele no seu paço, realizando obras ao gosto neoclássico.

Com a República o espaço serve de quartel e seminário e apenas nos finais do sec. XX se transforma num espaço cultural e turístico, que é hoje uma das grandes mais-valias do património luso.

Ao fundo a Charola vista da Sala do Capítulo, Convento de Cristo, Tomar.

Pormenores da Charola de Tomar.
Claustro Grande, Convento de Cristo, Tomar.

Portal Sul, Convento de Cristo, Tomar.

Dormitórios, Convento de Cristo, Tomar.

Sala do Capítulo, Convento de Cristo, Tomar.

Pormenores manuelinos, Convento de Cristo, Tomar.

Claustro da Hospedaria, Convento de Cristo, Tomar.

Com tecnologia do Blogger.