- Eh pá, Miguel! Há tempos que não te via!
- É verdade, vim visitar a minha mãe.
- 'Tá calor!
- Sim, este ano tem sido quente.
- O que vale é que já cheira a S. Mateus!
E assim seguiu esta conversa de cortesia uns quantos minutos mais. Para quem não é de Elvas, convém saber que Setembro podia aqui dizer-se diretamente S. Mateus. Esta festa local, revestida de feira de S. Mateus e Romaria ao Senhor Jesus da Piedade, tem um significado especial para os elvenses. Quer sejam de nascimento ou adoção.
Se o 14 de janeiro, feriado municipal em que se comemora a vitória da Batalha das Linhas de Elvas, é a festa de Elvas, o 20 de setembro, dia da procissão de Pendões que inicia o S. Mateus, é a festa dos elvenses.
Mas afinal a que cheira o S. Mateus?
Para mim cheira a cera queimada, dos romeiros a caminho da feira, cheira a pêros à venda nas poucas bancas que subsistem, e a terra molhada. Cheira a farturas, frango assado e à mostarda das bifanas que nos reconfortam o estômago entre os passeios pelo parque da Piedade. Por uma rua acima e por outra abaixo, encontrando amigos e caras conhecidas. Cheira a pólvora e, ao entrar no santuário, a flores.
Sejamos ou não crentes, o que ninguém pode negar é que o santuário tem uma magia especial. Ainda que não esteja incluído dentro do núcleo da classificação da UNESCO, é um dos patrimónios essenciais de Elvas. Não só o património construído, mas sobretudo o património que é o dos sentimentos que se vivem no espaço do parque da Piedade durante o S. Mateus.
O santuário é o coração de Elvas, um belo exemplo do barroco e, como já referi, cheira a flores. Ao subir os degraus vemos as suas originais torres gémeas, que se retorcem sobre elas mesmas e se apresentam de ângulo, dando volumetria à fachada. Mas é ao entrar que se entende como o arquiteto que lhe deu forma, joga com os volumes criando a teatralidade própria do barroco, e em que a talha representando Jesus Cristo chama a atenção de todos os olhos. Convém também levar os nossos olhos até às capelas laterais e descobrir as pinturas de Wolkmar Machado e seguir até à sacristia e entrar no mundo dos ex-votos que se espalham pelas paredes das casas de peregrinos.
Em definitiva setembro é S. Mateus, e este cheira a... A que te cheira a ti? Para mim vou ter que inventar um cheiro para o resumir e apetece-me que esse cheiro seja a sorriso. O sorriso que vemos nas caras daqueles que encontramos na romaria e feira de S. Mateus em Elvas.
Bom setembro!
- É verdade, vim visitar a minha mãe.
- 'Tá calor!
- Sim, este ano tem sido quente.
- O que vale é que já cheira a S. Mateus!
E assim seguiu esta conversa de cortesia uns quantos minutos mais. Para quem não é de Elvas, convém saber que Setembro podia aqui dizer-se diretamente S. Mateus. Esta festa local, revestida de feira de S. Mateus e Romaria ao Senhor Jesus da Piedade, tem um significado especial para os elvenses. Quer sejam de nascimento ou adoção.
Se o 14 de janeiro, feriado municipal em que se comemora a vitória da Batalha das Linhas de Elvas, é a festa de Elvas, o 20 de setembro, dia da procissão de Pendões que inicia o S. Mateus, é a festa dos elvenses.
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Santuário do S. J. Piedade em festa, Elvas. |
Para mim cheira a cera queimada, dos romeiros a caminho da feira, cheira a pêros à venda nas poucas bancas que subsistem, e a terra molhada. Cheira a farturas, frango assado e à mostarda das bifanas que nos reconfortam o estômago entre os passeios pelo parque da Piedade. Por uma rua acima e por outra abaixo, encontrando amigos e caras conhecidas. Cheira a pólvora e, ao entrar no santuário, a flores.
Sejamos ou não crentes, o que ninguém pode negar é que o santuário tem uma magia especial. Ainda que não esteja incluído dentro do núcleo da classificação da UNESCO, é um dos patrimónios essenciais de Elvas. Não só o património construído, mas sobretudo o património que é o dos sentimentos que se vivem no espaço do parque da Piedade durante o S. Mateus.
O santuário é o coração de Elvas, um belo exemplo do barroco e, como já referi, cheira a flores. Ao subir os degraus vemos as suas originais torres gémeas, que se retorcem sobre elas mesmas e se apresentam de ângulo, dando volumetria à fachada. Mas é ao entrar que se entende como o arquiteto que lhe deu forma, joga com os volumes criando a teatralidade própria do barroco, e em que a talha representando Jesus Cristo chama a atenção de todos os olhos. Convém também levar os nossos olhos até às capelas laterais e descobrir as pinturas de Wolkmar Machado e seguir até à sacristia e entrar no mundo dos ex-votos que se espalham pelas paredes das casas de peregrinos.
Em definitiva setembro é S. Mateus, e este cheira a... A que te cheira a ti? Para mim vou ter que inventar um cheiro para o resumir e apetece-me que esse cheiro seja a sorriso. O sorriso que vemos nas caras daqueles que encontramos na romaria e feira de S. Mateus em Elvas.
Bom setembro!
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