Rabat, a cidade elegante do poder

Mausoléu de Mohammed V, Rabat, Marrocos.
Rabat além de ser a capital do Reino de Marrocos está classificada desde 2012 como Património Mundial. Comparando-a como outras cidades marroquinas apresenta um aspeto mais ocidental fruto do seu passado colonial pois foi capital do protetorado francês.

Apesar de nas proximidades existirem os vestígios da ocupação romana, nas ruínas da Cellah, incluídas nos sítios classificados pela UNESCO, a sua história pode-se dizer que começa no sec. XII quando Yaqub al-Mansur, transfere a capital do seu califado almóada para este local, fortificando-a e iniciando a construção da grande mesquita, que com a sua morte fica inacabada, e que hoje em dia se mantém igual sendo um dos locais de visita obrigatória em Rabat.

Al-Mansur, que dominava grande parte do Alentejo opondo-se à reconquista de D. Sancho I, iniciou a construção daquela que pretendia fosse a maior mesquita no Ocidente, ocupando 26.000 m2. Hoje a grande esplanada junto à torre inacabada de Hassan, que com os seus 44 metros é visível desde bem longe, faz-nos perceber a dimensão pretendida para a mesquita. Restam apenas parte das 200 colunas que a constituíam e que resistiram ao terramoto de 1755, em conjunto com a torre. O mestre de obras desta obra teria sido o mesmo que o da mesquita e minarete de Sevilha, a famosa Giralda da hoje catedral sevilhana.

Guarda Real no Mausoléu de Rabat, Marrocos.
Neste espaço, junto à foz do rio Bu Regreg, encontra-se também o Mausoléu de Mohammed V. Construída por Hassan II em 1971, no local onde Mohammed V fez o seu discurso de independência de Marrocos, e é um dos poucos edifícios religiosos onde se permite a entrada de não crentes. Exteriormente caracteriza-se pela brancura da construção e pelo seu telhado verde, cor sagrada para o Islão, enquanto no interior a sumptuosidade dos mármores, azulejos, talhas douradas e madeiras lavradas rodeiam os túmulos do Rei Mohammed V e dos seus filhos, o Rei Hassan II e o príncipe Moulay Abdallah, acompanhados sempre por orações constantes entoadas por religiosos e protegidos pela Guarda Real.

Esta cidade imperial, forma a partir do século XVII um porto de abrigo para corsários que se manterá até meados do sec. XIX, sendo alvo de diversos ataques de frotas europeias. Em 1912 França toma posse deste território no norte de África, sediando ali a capital do protetorado, iniciando um vasto projeto urbanístico, hoje conhecido como ville neuvelle, com amplas avenidas e edifícios de serviços e governo. Ao cimo da avenida Mohammed V encontra-se a Mesquita As Sounna, a  maior da cidade, com o seu alto minarete, relocalizado para centra-lo com a avenida.

Outra das zonas a visitar é o bairro de Touarga, onde se situam as embaixadas, ministérios, quartéis e o Palácio Real. A entrada na cidadela real faz-se pela Porta dos Embaixadores, uma das portas da muralha, que encerram a zona de jardins e na qual se situa a mesquita Ahl al-Fas. O Palácio Real, construído sobre um anterior em 1854, é um espaço reservado ao governo e à corte marroquina e inclusive fotografá-lo é quase impossível pela oposição dos seguranças que o protegem.

Entrando na medina de Rabat pela porta Bab Lhad da muralha almóada, construída por Al-Mansur, encontra-se o Mercado Central (sec. XX) e um emaranhado de ruas e ruelas cheias de comércio. Seguindo em frente desde a porta situa-se a rua Souika que desemboca junto ao rio.

Desde a porta ribeirinha da Medina e seguindo para jusante encontra-se o kasbah dos Oudayas, uma fortaleza almóada do século XII, que acolheu grande parte da população muçulmana de Hornachos, aldeia da Extremadura espanhola, que no sec. XVII foi expulsa da Península. O nome de Oudayas deve-se à tribo originária do deserto do Saara que no sec. XIX foi expulsa de Fez e ocupou esta zona da cidade.

Como apontamento final uma recomendação para os gulosos, visitar a Pastelaria Bouiba, onde se confecionam os mais afamados doces de Rabat. Situada na medina junto à porta Bab Bouiba podem-se saborear os Kaab Ghzal (cornos de gazela), os fekas ou milfolhas fritos com mel.

Torre e ruínas da Mesquita de Hassan, Rabat, Marrocos

Bab (porta) do kasbah dos Oudayas, Rabat, Marrocos.

Entrada Palácio Real, Rabat, Marrocos.

Mesquita Ahl al-Fas, Rabat, Marrocos.

Sem comentários

Com tecnologia do Blogger.