Açores
Ilha de S. Miguel
Portugal
Ponta Delgada e Vila Franca do Campo
![]() |
Estátua do Infante D. Henrique contemplantoo Ilhéu da Vila, Vila Franca do Campo, S. Miguel. |
Vila Franca do Campo
Este foi o primeiro assentamento na ilha e até ao terramoto de 1522 foi a sua capital, fundado por Gonçalo Vaz Botelho, que recebeu estas terras para as povoar. Aqui se estabeleceram os serviços públicos da época, leia-se serviços de finanças e alfândegas, bem como uma espécie de hospital de caridade. Foi graças ao cultivo da cana de açucar e à pesca da baleia que se desenvolveu esta localidade.Comecei o meu passeio precisamente aos pés da estátua do fundador e frente ao edifício setecentista da Casa da Câmara, na tipologia típica da ilha, alvenaria branca e cantaria da rocha vulcanica negra em cunhais, parapeitos e dintéis.
Do outro lado do jardim fica o Hospital da Misericórdia e a respetiva igreja, curioso o fato de na fachada barroca estar colocado o reclamo luminoso psicadélico da farmácia! No topo da largo encontra-se a matriz dedicada a S. Miguel. No exterior é um belo edifício de aspecto gótico, enquanto o interior apresenta posteriores intervenções barrocas. A capela mor apresenta um conjunto de retábulo, azulejos, pinturas e mobiliário barroco de harmoniosa composição dedicado ao santo meu homónimo. Curioso o facto de na torre sineira poder-se ver o impacto de uma bala dum ataque pirata à povoação em 1624.
Descendo a escadaria em direção ao Mercado passa-se por um naif representação de S. Miguel num fontanário. O Mercado é pequeno mas com encanto. Seguindo a rua Teofilo Braga chegamos à Praça Bento de Góis. Este explorador, natural da vila, foi um dos pioneiros na exploração da India e China, e para celebrar a sua memória ergueram-lhe esta estátua em frente ao antigo Convento de Sto. André.
Na zona da Capela de Santa Catarina, encontramos um miradouro sobre o Atlântico e o Ilhéu da Vila, a poucos metros da ilha, percebe-se pela sua forma e pela lagoa aberta ao mar estarmos defronte de mais um extinto vulcão açoreano. Desde aqui é fácil imaginar os barcos enfrentados das tropas filipinas e de D. António, Prior do Crato, na batalha naval que terminaria no extermínio da população afim ao pretendente português.
Ponta Delgada
Esta cidade na ilha de S. Miguel, Açores, pode dizer-se que é muito prática para se visitar. Desde logo prendeu-me a vista o passeio maritimo, na frente da cidade, ao pôr do sol.Hoje é o principal núcleo habitacional da ilha, mas o mesmo só aconteceu após se ter abandonado Vila Franca do Campo, em consequência do terramoto do sec. XVI, e nela se terem fixado as ricas famílias, levando o rei D. João III a eleva-la à categoria de cidade.
![]() |
"Tenhe supinhe d'espinafres. Quêr?" |
Sobre o lado esquerdo da praça o edifício verde da Santa Casa da Misericórdia local, com as instalações da escola profissional, ao lado da qual está a Igreja franciscana de S. José e a Capela da N. Sra. das Dores. Formam um esbelto conjunto, sobretudo as janelas desta última. O interior, se não houver velatório é visivel desde o nartex de S. José atravez de uma porta gradeada.
Quanto à igreja franciscana principal é um belo templo barroco decorado com elegância e a exuberância típica da época. Retábulos dourados e por dourar, gessos, incrustações de pedras, pintura, azulejaria e mobiliário dão bem conta do poder económico deste antigo convento.
Outro convento, e talvez o mais famoso dos Açores, é o da Esperança e o Santuário do Santo Cristo dos Milagres. Exteriormente destaca a torre mirante de 5 pisos. A entrada no Santuário faz-se lateralmente, como habitual nas igrejas de fundação clarissa, e no interior destaque para os coros alto e baixo, no qual se aloja a imagem devocional do Ecce Homo, oferecido pelo Papa Paulo III ao aprovar a instituição do primitivo templo na Caloura. Este coro encontra-se decorado com azulejos de António de Oliveira Bernardes, um dos grandes da azulejaria lusa barroca.
Seguindo pela rua peatonal, na continuação do Santuário aproximamo-nos do centro da cidade, passando por esta artéria cheia de lojas com uma variada oferta comercial. Destaque para azul Palácio da Conceição, do outro lado do Largo 2 de Março, e para o antigo Palácio do Marquês de Praia e Fronteira, hoje Tribunal de Família.
O segundo pólo centra-se em torno à Praça Gonçalo Velho. Esta praça com suas arcadas, no centro da qual se encontra a estátua do fundador da cidade. e detrás desta as Portas da Cidade, espécie de arco triunfal de construção barroca, com pedra basáltica. À esquerda da praça encontra-se a Casa da Câmara guardado pela estátua de S. Miguel. É um edíficio na tipologia administrativa típica da ilha no sec. XVII, com escadaria dupla simetrica exterior.
Ainda detrás das Portas mas agora à direita encontramos uma jóia manuelina na sua estrutura interna e na bela entrada principal, bem como nas laterias, realizadas em cálcario trazido do continente! Chamou-me sobretudo a atenção as capelas laterais que formam um falso transepto, com umas bonitas abobadas manuelinas e arcos triunfais trilobados e cúpulas semiesfericas renascentistas. Destaque ainda para a porta axial sul, na qual se nota já o renascimento integrando-se na estética manuelina, com vestigios do gótico flamejante.
Como último apontamento, a frente maritíma com o porto comercial e de pesca à esquerda e a nova marina e as Portas do Mar à direita, que me servem de cenário para o pôr de sol enquanto tomo um refrigerante regional de maracujá.
![]() |
Torre Sineira da Casa da Câmara, Vila Franca do Campo, S. Miguel. |
![]() |
Hospital e Igreja da Misericórdia vista desde o Adro da Matriz de S. Miguel, Vila Franca do Campo, S. Miguel |
![]() |
Santuário do Santo Cristo dos Milagres, Ponta Delgada, S. Miguel. |
![]() |
Praça do Município, Ponta Delgada, S. Miguel. |
![]() |
Marina de Ponta Delgada, S. Miguel. |
Sem comentários