De Melgaço a Viana do Castelo, um roteiro pelo rio e pelo mar

Rio Minho.

A fronteira entre o Alto Minho e o Baixo Miño, ou seja, entre o distrito de Braga e a região espanhola da Galiza, é feito pelo rio Minho que nestes seus últimos 75 quilómetros separa os dois países ibéricos. Desde a confluência com o rio Trancoso, a este, até à foz entre as localidades de A Guarda (ES) e Caminha (PT), o trajeto do lado português guarda algumas das vilas mais belas do Alto Minho, do mesmo modo que a Costa Verde está recheada de praias, vilas e cidades cheias de encanto até chegar a Viana do Castelo e à foz do Lima.

Escultura de João Cutileiro, Monção.
Saindo de Melgaço, antiga EN202 acompanha em paralelo o rio Minho até chegar a Monção, terra de vinho Alvarinho, especialidade de vinho verde elaborada com esta casta vinícola, e que se pode conhecer e provar gratuitamente no museu do Alvarinho, que ocupa uma antiga casa solarenga em pleno centro da vila. E são precisamente as vinhas do Alvarinho que nos acompanharam neste trajeto até Monção.

Misericórdia de Monção.
Aqui a lenda fala-nos da heroína que juntou a pouca farinha existente na vila, devido ao já largo cerco das tropas castelhanas durante as guerras fernandinas (sec. XIV), para amassar e cozer pães que atiraria às tropas inimigas ao grito de abundância no interior das muralhas, levando os galegos a retirar-se fase à demonstração de falsa opulência de Deu-la-Deu Martins, mulher  do capitão general da localidade à época e que se eternizou no escudo heráldico da vila.

Muralha abaluartada de Monção sobre o rio Minho.
Destas muralhas medievais pouco resta atualmente, sobretudo se tivermos em conta que ao igual das terras raianas, também Monção beneficiaria da construção de muralhas abaluartadas que substituiram as medievais. Junto ao miradouro/muralha, debruçado sobre o rio Minho, destaque para a escultura de João Cutileiro em homenagem a Deu-la-Deu (2008). No deambular pelas ruelas da vila seguramente a igreja matriz (sec. XIV) de feições tardo românicas sorpreenderá pelo seu interior, onde destaca a bela capela funerária de D. Vasco Marinho, um belo exemplo do manuelino, bem como as remodelações barrocas nas quais se incluí a capela funerária de Deu-la-Deu.

Palácio da Brejoeira, Monção.
A 10 minutos de Monção encontra-se o Palácio da Brejoeira (sec. XIX) restaurado em 1910, sendo considerado um dos mais belos palacetes do Minho e onde se inicia a produção de vinho na década de 40 do século passado, especializando-se na casta alvarinha a partir de 1964, dando origem às primeiras garrafas de vinho Palácio da Brejoeira, consideradas entre as melhores marcas vinícolas de Portugal. (Entrada palácio+capela 7,50€/2019; prova de vinho 2,50€/2019).

Torre de Lapela, Monção.
A próxima paragem é a aldeia ribeirinha de Lapela, para conhecer a bela e alta (35 m de altura) torre de menagem que sobreviveu ao desmantelamento do castelo, cujos aparelhos foram reutilizados na construção da muralha abaluartada de Monção.

Igreja de S. Fins, Sanfins, Valença do Minho.

Miradouro de Sanfins, Valença do Minho.
Segue-se um preciso tesouro escondido a meio caminho entre o abandono e a recuperação, trata-se do antigo Mosteiro de Sanfins de Friestas, em ruínas à exceção da sua igreja. A primitiva ocupação deste local data do sec. VII e no reinado de D. Afonso Henriques é-lhe outorgado o privilégio de receber anualmente o primeiro veado, javali ou corça e o primeiro salmão do Rio Minho, confirmando assim a importância deste mosteiro beneditino. Os restos dos claustros, aqueduto e outras dependências dão um ar de magia a este local, mais se se subir até à capela no cimo da colina de onde se podem observar todos os territórios que pertenciam a este mosteiro até ao rio Minho.

Ponte internacional de Valença do Minho vista desde a fortaleza.

Seguindo paralelos ao rio Minho aproximamo-nos agora da estrela do Minho, a Fortaleza de Valença do Minho, sentinela e defensora da portugalidade frente às ofensivas espanholas, nascendo no século XIII com essa vocação que lhe será sublinhada com a Restauração, e com a construção das novas muralhas abaluartadas em forma de estrela que atualmente lhe marcam as feições. Contudo essas muralhas, outrora defensoras, são hoje proteção aos milhares de galegos que aqui rumam para efetuar as suas compras protegidos pelas muralhas valencianas.

Portal lateral da Matriz de Caminha.

Rua Direita, Caminha.
Depois de cruzar Vila Nova da Cerveira, a EN13 passa por cima da foz do rio Coura e adentramo-nos em Caminha, justo ao lado do cais dos ferries que a conectam com A Guarda (Espanha). Aqui o rio Minho abraça o Atlântico, e serviu como ponto defensivo frente à vizinha Galiza, como prova disso veja-se o forte da ilha da Ínsua (sec. XVII) na desembocadura do rio. Na vila é obrigatório perder-se pelas suas ruelas que corresponderiam à zona amuralhada, sobretudo a rua direita e todo o seu conjunto edificado, e daí partir ao encontro da Matriz (sec. XV),  da Misericórdia (sec. XVI), da torre do relógio (antiga porta da muralha medieval) e dos Paços do Concelho (sec. XX) e Chafariz (sec. XVI).

Santuário de Sta. Luzia, Viana do Castelo.

Praça da República, Viana do Castelo.
De novo a caminho, e sempre pela EN13, dirigimo-nos a sul, passando frente às praias minhotas até chegar à foz do rio Lima e à cidade de Viana do Castelo, capital das tradições minhotas. Desde o alto do Monte de Sta. Luzia e do "Sacré Coeur" português, até ao forte da Barra ou à ponte Eiffel, todos os recantos desta cidade são locais imperdíveis e haverá sempre que guardar pelo menos dois dias para dedicar apaixonar-se pela cidade do Lima.

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1 comentário:

  1. Ainda não fomos juntos à descoberta do Minho. É algo que esperamos fazer com a maior brevidade possível e com certeza que nessa altura este roteiro será uma boa ajuda! :D

    Pedro & Telma do blogue de casal Ela & Ele - www.blogueelaeele.pt

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