Forte da Graça, a joia de Elvas

Pormenor da Porta do Dragão, Forte da Graça, Elvas.

Englobado na classificação de Património Mundial que a UNESCO concedeu em 2012 ao conjunto de fortificações de Elvas, o Forte da Graça ou de Lippe é sem dúvida a joia das fortificações portuguesas e um exemplo da arquitetura castrense do sec. XVIII.

A casa do Governador vista desde o baluarte de Elvas.
Pensado pelo Conde de Lippe para proteger Elvas, e assim ocupar o monte de N. Sra. da Graça, desde o qual as tropas inimigas podiam bombardear a cidade desde essa posição elevada, foi designado como diretor dos trabalhos o engº Étienne, substituído depois pelo coronel Valleré, tendo a sua sua construção sido iniciada em 1763, na qual trabalharam entre 3 e 4 mil homens, tendo terminado em 1792, ainda no reinado de D. José I.

Será D. Maria I que, na sua limpeza ideológica, mandou alterar a denominação do forte, deixando este de ser o Forte de Lippe passando a estar debaixo da benção de N. Sra. da Graça.

Entrar pela porta do Dragão e visitá-lo nos dias de hoje, depois da sua recuperação em 2015, é conhecer o maior monumento existente em Portugal, num interminável itinerário que nos leva a descobrir uma área total de 7 hectares de edificações militares.

Porta de entrada da Magistral, Forte da Graça, Elvas. 
Para aceder à Magistral há que fazê-lo atravessando uma ponte levadiça que protege a entrada na qual, entre atributos militares, existe uma placa de mármore recordando-nos que a obra se fez durante a administração de Sebastião José, Marquês de Pombal. Era neste reduto que decorria a vida deste monumento enquanto fortaleza de guerra, estando construída sobre um quadrado de 150m de lado, com 4 baluartes, sobre os quais estão as antigas casas de oficiais.

À nossa frente ergue-se agora o Reduto Central, uma alta torre octogonal, no interior da qual se sucedem os diferentes pisos, que vão desde a cisterna até ao Palácio do Governador, numa sucessão de elementos castrenses que se aliam a uma componente estética, cuja cúpula do cruzeiro da igreja é um perfeito exemplo dessa dupla função defensiva e arquitetónica.

Forte da Graça, Elvas.
O interior do Palácio do Governador nada tem que ver com o rigor das casamatas e galerias de tiro que constituem as obras exteriores à magistral. Entrando nesta área nobre existe a sala de audiências onde umas pinturas murais recordam os trabalhos necessários à sua execução rodeados por outros onde são exibidas as armas da cidade e da fortificação com o seu dragão, símbolo da inexpugnabilidade e resistência do forte. Os estuques, de primorosa execução que decoram a sala principal da residência, são distintivos da riqueza e teatralidade do barroco. Subir ao terraço superior do palácio é um passo obrigatório na visita ao forte e desde onde pode observar toda a magnitude das várias fortificações de Elvas, incluindo o Aqueduto da Amoreira e o Forte de Sta. Luzia, além do centro histórico da cidade.

Esquina do Baluarte de Sto. Amaro, Forte da Graça, Elvas.
Rodeando todo o reduto e magistral estão as obras exteriores, que nos tempos que este forte foi usado como prisão militar, mas também politica, estavam alojados os prisioneiros. Nesta zona exterior merece destaque o hornaveque, solução construtiva que defendia de forma excecional a zona de mais fácil ataque ao complexo, nas proximidades do qual está a Fonte do Marechal, usada em tempos de paz para abastecer de água o forte e simultaneamente castigo para os presos ao terem que fazer o caminho até ao forte transportando barris meios de água.

Este forte foi o culminar de todas as técnicas de construção militar na Europa, sendo usadas na sua construção técnicas ancestrais como as bocas de lobo, aliadas às mais inovadoras soluções de engenharia em uso à época, o que levaram a considera-lo o maior expoente da arte de construção militar da época e que hoje não deixa ninguém indiferente ao entrar nos seus muros.

Guarita do Forte da Graça com vista para a Praça-Forte de Elvas.

Caminho coberto, Forte da Graça, Elvas.

Pormenor da Casa do Governador, Forte da Graça, Elvas.



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