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Manuel e Miguel (de esquerda à direita) junto à escultura Sun Voyager em Reykjavik, Islândia. | Foto Dot the Map.
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O Miguel e o Manuel são dois irmãos que adoram viajar, fotografar e escrever. Estes dois jovens millennials lisboetas, cursam jornalismo e através do seu blogue de viagens Dot the Map partilham as suas viagens pelo mundo. No seu mapa mundo já têm 24 alfinetes de países visitados. Um prazer seguir o seu blogue e ver o mundo pelas suas lentes.
Não gosto do tempo nublado. Não gosto de chuva. Não gosto de vento. Não gosto de frio. Ainda assim, escolho a Islândia – até à data! – como destino preferido. Que contradição!
A Islândia não é
para qualquer um. Não me refiro à carteira, mas sim ao destino em si. Se a pacatez
reina nas cidades – talvez localidades seja mais apropriado –, a versão
selvagem do país é uma aventura digna de ser vivida. E há quem não goste, ou
simplesmente não se queira submeter, à incerteza do interior, à descoberta do
incerto! E é precisamente isso que me atrai em viagem.
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Reykjavik vista desde o topo da torre da igreja Hallgrimskirkja, Islândia. | Foto Dot the Map. |
Tinha vinte anos e
algum mundo na bagagem quando embarquei rumo a Reykjavik. Nunca estivera tão a Norte. Mentalizava-me que não
poderia deixar o factor climatérico influenciar a minha perspectiva do que
estaria para vir. Ainda entre nuvens, exclamei o primeiro “uau”, de uma viagem
repleta deles, enquanto gemia o primeiro “brrr”. Sim, a Islândia é uma viagem
de onomatopeias, quer sejam exclamações de admiração que não terminam, quer
sejam murmúrios involuntários indignados com as condições climatéricas.
Vamos ao que
importa, mas primeiro convém deixar uma nota. Não tinha muitos dias, pelo menos
os que gostaria de ter tido, e por isso a minha aventura tem um limite
geográfico que ainda deixa mais de metade do território da Islândia por
desvendar – uma óptima desculpa para regressar.
Comecemos pela
pitoresca Reykjavik. Quando se visita a Islândia, a maioria dos viajantes
procura o paraíso que o “país do gelo e do fogo” promete oferecer, a natureza
em estado puro, e talvez por isso, a capital é por diversas vezes deixada de
parte. Não o façam! A cidade não é grande, mas vale a pena uma volta pelos
pontos principais: o lago Tjörnin e os edifícios emblemáticos que o circundam como o Parlamento, a
principal igreja da cidade, Hallgrímskirkja
– a vista do topo da torre da igreja é incrível! – ou um passeio pela Laugavegur,
uma das principais artérias da cidade, que se enche à noite. Na baía que se
estende da capital até Akranes, podem-se ver algumas colónias de puffins
(papagaios-do-mar em português), que se refugiam nas ilhas existentes na baía,
onde não há presença humana.
A verdadeira
aventura começa aqui, em Reykjavik, que embora não nos prepare totalmente para
o que ainda aí vem, certamente nos insere numa cultura quotidiana bem distinta
da norma. Ter um carro alugado é fundamental. Não só porque, afinal de contas,
uma ida à Islândia se trata de uma roadtrip, mas também porque nos permite
talhar o percurso ao nosso ritmo. E a Islândia molda-se ao gosto de cada um.
Às portas da
capital, somos brindados pelo famoso “Golden Circle”, um percurso turístico que
engloba três paragens essenciais em qualquer roteiro: o parque nacional de Þingvellir, o complexo dos geysers – Geysir – onde o geyser Strokkur está em constante actividade e
ainda uma das mais imponentes cascatas islandesas, a Gullfoss. Qualquer viajante que se aventure por estas terras
nórdicas acaba por passar aqui.
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Cascata de Skógafoss, Islândia | Foto Dot the Map. |
A sul, rumo ao
ponto mais austral do país, seguem-se as atracções em catadupa. Ao longo da “ring
road”, a estrada que dá a volta à Islândia, as indicações multiplicam-se à
medida que se passa pela Seljalandsfoss
e Skógafoss – mais duas imponentes
quedas de água na costa sul -, pelo Eyjafjallajökull – quem não se recorda do impronunciável nome deste vulcão que
paralisou o espaço aéreo europeu no início da década? -, em direcção a Vik e Jökulsárlón. O pano de fundo é semelhante ao
longo da costa. Se por um lado, o oceano Atlântico ruge costa adentro, do outro
lado sussurra o maior glaciar da Islândia e da Europa: o Vatnajökull.
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Glaciar Langjökull, Islândia. | Foto Dot the Map |
E por falar em
glaciares, foi a norte que tive a experiência, sim, a experiência – não apenas
mais uma – desta viagem. No glaciar Langjökull, existe a possibilidade de percorrer algumas centenas de metros pelo
interior do mesmo. Aterrador? Confesso que o pânico se pode instalar pelo facto
de se ir em grupos organizados, e nestas coisas já se sabe, basta que alguém
não se sinta totalmente confortável para que o “efeito dominó” nos comece a
atingir também. Por isso, para quem sofra de claustrofobia ou que não seja
muito dado a aventuras menos convencionais, não aconselho a visita! Se, pelo
contrário, a adrenalina falar mais alto – como no meu caso – é imperdível!
A Islândia não se
resume à natureza intacta. Compromete-se a proporcionar experiências
inesquecíveis, no verão dá-nos o sol da meia-noite e na penumbra do inverno
pinta o céu com auroras boreais, conjuga a fúria da Terra com a harmonia da
paisagem. É longínqua, é silenciosa e faz-nos sentir pequenos. Não há fogo que
derreta o gelo, nem há água que apague lava. São milhares de quilómetros que
surpreendem a cada metro. Para alguns, ou pelo menos para mim, foi – e espero
que volte a ser – o paraíso!
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parque nacional de Pingvellir, Islândia | Foto Dot the Map |
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Algures a caminho de Borgarnes, Islândia | Foto Dot the Map |
Wow!!! Incrível descrição. Senti-me lá!!!
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