Estremoz, mármore e história

Torre das Três Coroas, Estremoz.
Estremoz é uma das localidades mais conhecidas e belas do Alentejo, pois nela encontramos património, artesanato, gastronomia, vinhos e o famoso mármore branco.

Diz a lenda que os fundadores de Estremoz tinham sido desterrados desde Castelo Branco e encontraram aqui um sitio onde podiam fundar a sua comunidade. Mas estes tinham a proibição de construir casas pelo que só tiveram o sol e a lua para se abrigarem das inclemências do tempo junto a algum tremoceiro. Com o tempo o rei D. Afonso III autorizou-lhes a fundação de uma vila e dou-lhes foral. É essa a razão do nome da localidade e que no seu escudo estejam representados o sol, a lua e os tremoceiros.

Com o passar dos tempos Estremoz acolheu também um Paço Real, onde veio a falecer a Rainha Santa Isabel. O próprio paço e castelo foram alvo de uma explosão de um paiol, sendo o espaço posteriormente aproveitado para fundar a Armaria do Alentejo no sec. XVIII, e onde desde 1972 está instalada a Pousada de Estremoz, e onde eu fiz um estágio há muitos atrás...

A zona alta, e a própria cidade, é coroada pela Torre dos 3 Coroas, uma por cada rei que intervieram na sua construção (D. Afonso III, D. Dinis e D. Afonso IV), é uma das obras medievais que sobrevivem do primitivo Paço Real. Recentemente restaurada apresenta hoje, orgulhosamente, a brancura do mármore com que foi erguida. Ali ao lado o Paço da Audiência, hoje usada como galeria de exposições temporárias, com uma harmoniosa galilé e onde encontramos um dos mais antigos escudos de armas de Estremoz. Se procurarmos nas suas imediações descobriremos restos do palácio foram aproveitados para outras construções populares.

Igreja Sta. Maria e Paço da Audiência, Estremoz.

A igreja de Sta. Maria é uma obra do denominado estilo chão alentejano, com uma fachada simples e sem coroamento, sendo o seu interior de tipologia de salão com altas colunas e capitéis jónicos, obviamente em mármore!

No local onde se localizava a alcova da Rainha Santa, mandou em 1658 outra rainha, D. Luísa de Gusmão, erguer uma capela, que posteriormente no sec. XVIII foi absorvida pela construção da Armaria (podes ler aqui sobre esta capela). É hoje uma pequena joia do barroco, e uma aula sobre a vida da jovem rainha de origem aragonesa. Retábulo marmóreo, azulejaria e pintura retratam episódios que catequizam sobre a Rainha Santa Isabel.

Antes de abandonar a zona alta de Estremoz, e se é do teu interesse o artesanato não deixes de visitar o Museu Joaquim Vermelho, que conta com peças da barrística estremocense de várias épocas.

Na descida em direção ao Rossio Marquês de Pombal, vais encontrar casas com portas ogivais, marcas cruciformes, a antiga cadeia manuelina, uma das portas medievais do castelo, o pelourinho e o palácio dos marqueses de Praia e Monforte.

Pelourinho e Palácio dos Marqueses de Praia e Monforte, Estremoz.
Outra das curiosidade de Estremoz é a sua torre couraça. Estava incluída na cerca medieval e permitia aceder à nascente de água numa posição inferior sem sair da proteção das muralhas. Junto a ela o antigo convento da Santa Cruz e igreja homónima.

Ainda no capítulo de coisas curiosas, que outras localidades em Portugal dispõem de um enorme lago no coração da cidade? O lago do Gadanha foi um espaço romântico, onde se ia passear de barco, e que ganha esta denominação pela gadanha que a estátua de Saturno ostenta no meio do lago. À sua frente encontra-se a igreja de S. Francisco. Este mosteiro, cujo espaço monacal está ocupado por um regimento militar, foi construído pelos monges franciscanos longe do poder real da alcáçova no sec. XIII. Ainda antes de entrar na igreja merece destaque o cruzeiro manuelino que se encontra no seu adro. 

Tumúlo na igreja S. Francisco de Estremoz.
No interior existem verdadeiras joias da arte do Alentejo. A arca tumular de D. Vasco Esteves Gato, dos escassos exemplos a sul do Tejo, sendo obra do sec. XIV, e claro em mármore branco! Também a capela de D. Fradique de Portugal, Arcebispo de Saragoça e vice-rei da Catalunha, que a mandou construir para sua sepultura, e cujo portal renascentista é obviamente em mármore. Em frente desta uma das três Árvores de Jessé que encontramos no Alentejo. É um conjunto monumental que não deves deixar de visitar.

Ao redor do Rossio, pode-se encontrar ainda o convento das Maltesas, com uma linda galilé com as armas manuelinas e um claustro onde hoje em dia funciona, entre outros, o Centro Ciência Viva. Outro dos edifícios "maiores" é o antigo convento dos Congregados do Oratório de S. Filipe Nery, e onde estão instalados os atuais Paços do Concelho, é obra seiscentista, com uma harmoniosa fachada de mármore e em cujo interior se encontram belos azulejos barrocos.

É tempo de rumar até ao café Águias de Ouro, com a sua eclética fachada, para um refresco e preparar-se para partir à descoberta do muito que Estremoz propõe: vinhos e adegas, mercado semanal dos sábados, petiscos e gastronomia, campo e casas rurais, etc. Há muitas formas de complementar este percurso pela cidade e que permitem realizar um perfeito fim-de-semana no Alentejo.

Mercado Semanal em Estremoz.
Convento das Maltesas, Estremoz.

Retábulo com Árvore de Jessé na igreja de S. Francisco, Estremoz.

Antiga igreja de S. Filipe Nery, Estremoz.


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