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Porta de Brandemburgo, Berlim, Alemanha. |
Berlim, não sendo uma cidade bonita, é uma cidade cheia de curiosidades e pontos de interesse, sobretudo os ligados à II Guerra Mundial e à Guerra Fria.
A cidade foi fundada em 1200, e em 1415 quando se torna a capital do Principado de Brandemburgo, um dos importantes estados dentro do Sacro Império Romano. Em 1871 passa a ser a capital do Império Alemão e posteriormente da Alemanha Nazi, e com o fim da II Guerra Mundial, divide-se a cidade levantando-se o muro que dividirá as duas alemanhas, a Federal (afim aos vencedores) e a Democrática (afim ao bloco de leste).
Finalmente, a 9 de novembro de 1989, os berlinenses derrubam o muro que dividia a cidade, o que vai levar à unificação da Alemanha.
Berlim torna-se assim a maior cidade da Alemanha e uma das mais cosmopolitas e culturalmente diversa. A reconversão da parte oriental da cidade e uma dinâmica empresarial levam a que hoje a cidade atinja os 3,5 milhões de habitantes e continue na senda do aumento de população quer nacional quer de terceiros países.
Como escrevi na
Nota de Viagem de Berlim, a melhor forma de mover-se pela cidade é em bicicleta ou em metro. Também podes saber mais sobre a capital alemão no apontamento sobre as curiosidades imperdíveis de Berlim ou uma proposta de excursão a Postdam a cerca de 30 minutos do centro da cidade e conhecer o Palácio de Saussoni.
1. Brandenburger Tor, o símbolo da reunificação.
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Porta de Brandemburgo, Berlim, Alemanha. |
A porta de Brandemburgo é um arco triunfal que encomendou Frederico Guilherma da Prússia, em 1788, substituindo uma antiga porta da muralha medieval da cidade. Durante a Guerra Fria esteve entaipada e foi em frente dela que os presidentes dos EUA, JF Kennedy (1963) e 50 anos depois Barack Obama, discursaram. Com a reunificação da Alemanha passou a ser um dos símbolos desta nova etapa germânica. Há que vê-la e revê-la todos os dias que estejas em Berlim.
2. Berliner Mauer, o muro.
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Muro de Berlin na East Side Gallery, Alemanha. |
O muro de Berlim, construído em 1961, dividiu fisicamente a cidade e seus arredores, numa extensão de 66,5 kms, encerrando o bloco ocidental, onde as potencias vencedoras da II Guerra Mundial, divididas em 3 setores governados pelos governos francês, inglês e norte-americano representando uma visão capitalista. Do outro lado a capital da República Democrática da Alemanha tinha o apoio da então URSS e o seu modelo comunista. Podemos encontrar os vestígios do muro nas ruas de Berlim, em especial na East Side Gallery (o maior troço), na zona do Checkpoint Charlie, na Topografia do Horror ou na Postdamer Platz, bem como a memória do seu percurso que está assinalado no pavimento.
3. Monumento ao Holocausto
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Monumento ao Holocausto com o Parlamento Alemão ao fundo, Berlim, Alemanha. |
Localizado perto da Porta de Brandemburg, trata-se de uma obra inaugurada em 2005, da autoria do arquiteto Peter Eisenman, em memória dos judeus assassinados pelo III Reich. É um conjunto de 2711 blocos de cimento de várias alturas, que permitem um passeio pelo seu interior. Existe um centro de interpretação ao monumento no subsolo da praça onde se localiza dito monumento. Do outro lado da avenida, e já no Tiergarten, foi construído um outro monumento dedicado aos homossexuais que foram perseguidos pelo nazismo. Inaugurado em 2008, trata-se de uma caixa de cimento, similar aos blocos antes mencionados, sendo que este tem uma pequena janela onde se pode observar uma curta-metragem.
4. Checkpoint Charlie
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Checkpoint Carlie, Berlim, Alemanha. |
O que resta deste antigo passo fronteiriço entre as duas alemanhas é uma replica construída em 2001, composta por um posto fronteiriço (onde atores disfarçados de soldados da RDA e dos EUA se fotografam com os turistas), a placa com as indicações de segurança ao entrar e sair dos setores, bem como as fotografias de soldados dos bois blocos. Ao redor do Museu do Checkpoint existem textos e fotografias que documento a vida dos berlinenses e a sua vivência com o muro.
5. Ilha dos Museus
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Antiga Galeria Nacional de Berlim, Alemanha. |
A ilha dos Museus, classificada como património Mundial em 1999, reúne 5 museus com peças da história universal, como seja o busto de Nefertiti ou o Altar de Pérgamo. Esta peça foi trazida da Turquia e aqui reconstruída, sendo depois construído o museu ao seu redor. Deste complexo fazem parte ainda o
Altes Museum, o Neues Museum, o Alte Nationalgalerie e o Museu Bode, bem como o Berliner Stadtschloss (Palácio Real) que se encontra em reconstrução até 2019 e a catedral.
6. Berliner Dom, a catedral.
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Catedral de Berlim vista desde a ilha dos Museus, Alemanha. |
A catedral protestante de Berlim, localizada também na ilha dos Museus, é um templo neobarroco datado de 1905 e que, ao igual que grande parte da cidade, sofreu bastante com a II Guerra Mundial. Na sua cripta encontram-se as sepulturas dos reis da Prússia. Por outro lado subir à cúpula proporciona um bom miradouro sobre a cidade.
7. Gedächtniskirche, a recordação da guerra.
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Igreja da Memória, Berlim, Alemanha. |
Esta igreja é o único edifício que propositadamente foi deixado no estado de destruição provocado pelos bombardeamentos da II Guerra Mundial. Originalmente foi erigida pelo imperador Guilherme II, em memória do seu avô. Em 1950 pensou-se destruir estas ruínas mas face às manifestações em contra da população optou-se por deixá-la no estado de destruição e construir uma nova igreja ao seu lado e um novo campanário (1951-1961). Na ruína destaque para os mosaicos que sobreviveram enquanto a nova igreja para os tons azuis das paredes em blocos de cristal.
8. Potsdamer Platz
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Primeiro semáforo da Europa em Berlim, Alemanha. |
Esta praça é hoje um dos locais de lazer da cidade ainda que mantenha a memória da Guerra Fria, quando foi atravessada pelo Muro. Da época anterior à II Guerra Mundial ficam os registos do primeiro semáforo instalado na Europa ou os restos do Grand Hotel Esplanade, hoje integrada no moderno centro comercial, cuja cúpula marca a noite berlinense com a sua iluminação multicor. É precisamente nesta praça que se celebra o Berlinale, festival de cinema de Berlim. Na rua Postdamer que sai da praça localiza-se o edifício Kollhoff, no topo do qual se encontra o Panoramapunkt, um miradouro excecional sobre Berlim.
9. Berliner Unterwelten, os búnqueres.
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Simbologia da antiga RDA, Berlim, Alemanha. |
Se queres ter uma recordação insuperável de Berlim esta é a opção. Todas as visitas aos búnqueres são guiadas e temáticas, havendo 5 à escolha e em vários idiomas. Estes búnqueres foram construído no final da II Guerra Mundial quando as tropas aliadas começaram a bombardear Berlim. Existiam na cidade mais de 3000 destes refúgios. Visitar estes túneis faz entender a angústia que esta cidade sofreu durante a guerra num ambiente de frio, humidade e medo.
10. Reichstag
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Parlamento Alemão em Berlim. |
Este edifício foi construído em 1894 em estilo neorrenascentista, para albergar o parlamento do Império Alemão. Em 1933 sofreu um grande incêndio que o destruiu quase por completo. O seu aspeto atual deve-se a Norman Foster que o preparou para receber o Bundestag (parlamento) da Alemanha reunificada. A visita à cúpula de aço e cristal de Foster deve agendar-se na web do Bundestag, e fica o conselho de fazê-lo ao pôr-do-sol!
11. Unter den Linden, a bulevar.
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Bulevar debaixo das Tílias, Berlim, Alemanha. |
Literalmente "debaixo das tílias" é a grande bulevar de Berlim. Este era o caminho que usava o imperador e a sua corte desde o Palácio Real até o Tiergarten, onde iam caçar. Adquire a fisionomia atual no sec. XIX, tendo sofrido durante a guerra a destruição de grande parte dos edifícios que a delimitavam, e durante a Guerra Fria estava integrada no território da RDA. O seu percurso vai desde a ilha dos Museus até à porta de Brandemburgo, e onde se encontram hoje em dias hóteis de luxo, embaixadas e edifícios de escritórios, além da Neue Wache (ver apontamento sobre as curiosidades de Berlim) e a Bebelplatz.
12. Bebelplatz, a praça da sabedoria.
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Catedral católica, Berlim, Alemanha. |
Esta praça é conhecida pois ali teve lugar a queima dos livros, episódio ocorrido na noite de 10 de maio de 1933, em que as Juventudes Hitlerianas procederam a queimar livros de filósofos. No local desse acontecimento, no chão, existe um cristal que que cobre um monumento comemorativo (2006), composto precisamente por estantes vazias. Este local foi escolhido para este ato "anticultural" pois aqui se encontra a Universidade Humboldt e numa esquina a catedral católica de Berlim (sec. XVIII).
13. Tiergarten, o jardim de Berlim.
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Zona de lazer no Tiergarten, Berlim, Alemanha. |
Este parque é o grande pulmão de Berlim, estando hoje em dia em pleno centro da cidade, aproveitado pelos berlinenses para os seus tempos de lazer, e um dos locais ideias para realizar um piquenique e descansar das visitas pela cidade. De espaço de caça da corte, durante o Império Prussiano, foi devastada na II Guerra Mundial, não pelos ataques aéreos, mas pela população que utilizou as árvores como combustível para seu aquecimento. No seu centro encontra-se a Coluna da Vitória, em recordação da guerra ganha pela Prússia à Dinamarca.
14. Gendermenmarkt, as igrejas gémeas.
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Igreja francesa em Gendarmenmarkt, Berlim, Alemanha. |
É a mais bela praça de Berlim, do ponto de vista artístico. A curiosidade reside que a cada lado da praça se encontram duas igrejas gémeas. Do lado norte a igreja francesa (sec. XVIII), construída por imigrantes protestantes franceses. Poucos anos depois foi a vez da comunidade luterana alemã construir a sua igreja no lado sul, hoje transformada em museu da democracia. Entra as duas igrejas está a Konzerthaus, sala de concertos da Orquestra sinfónica berlinense.
15. Scheunenviertel, o bairro judeu.
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Descansando em Dead Chicken Alley, Berlim, Alemanha. |
Ainda que a comunidade judaica dividiu-se em vários pontos da cidade depois do Holocausto, este pode considerar-se o bairro judeu, devido a que ali se encontra a nova sinagoga, e ao seu redor se instalaram muitas famílias. Hackescher Hofe são um conjunto de pátios em edifícios modernistas, cheios de lojas, restaurantes de luxo e jardins, sendo o mais interessante destes pátios o Dead Chicken Alley, com galerias de arte e todo o patio em si cheio de obras de arte contemporânea e um ambiente boémio. É num bar ali sentado que recordei que estou no bairro onde decorreu a Noite dos Cristais. A 9 de novembro de 1938 quando os nazis atacaram casas, lojas e a sinagoga, partindo os vidros destes locais, aprisionando e assassinando judeus, naquilo que foi a antêcamara do Holocausto.
16. Alexanderplatz, o coração da cidade.
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Relógio Mundial em Alexanderplatz, Berlim, Alemanha. |
Esta praça, que foi o centro da Alemanha Oriental, é hoje a maior praça de Berlim e o ponto de encontro para turistas e locais. Um dos símbolos de Berlim é a Fernsehturm (torre da televisão), construída em 1969, como demonstração de poder pelo bloco de leste. É um dos mais altos edifícios da Europa e subir ao seu miradouro permite umas vistas estupendas sobre a cidade e arredores.
17. Topografia do Terror
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Aspecto da exposição da Topografia do Terror, Berlim, Alemanha. |
Por último deixo o apontamento do local que mais me impressionou. Trata-se de uma exposição no local onde funcionou a sede da Gestapo (polícia secreta nazi). No exterior, encostada a um tramo do Muro, e ocupando a zona das antigas celas da prisão da Gestapo, um conjunto de painéis e fotografias relatam alguns dos episódios da repressão nazi. No interior do edifício outra exposição dá uma ideia global sobre o terror que o nazismo representou para a Alemanha e para os países ocupados.
Para ajudar a localizar estes locais e outros fica um mapa: