Centro de Portugal
Fim de Semana
Tomar, templária, manuelina e filipina
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Igreja S. João Batista, Tomar. |
A sua génesis está intimamente ligada aos Templários e posteriormente à Ordem de Cristo, do qual o Convento de Cristo, declarado Património Mundial, é o máximo testemunho.
O rio Nabão marca-lhe o caráter e estabelece a fronteira entre a zona histórica e os bairros novos. Atravessando a ponte de D. Manuel I, encontra-se o antigo Convento de Sta. Iria, padroeira local, e cuja lenda diz que depois de assassinada foi lançada às águas do Nabão, terminando o seu corpo incorruptível nas águas do Tejo, sendo mais tarde visitado pela Rainha Santa Isabel. O convento está em estado de ruína mas a rica capela renascentista pode visitar-se e admirar o retábulo de pedra atribuído a João de Ruão. Numa esquina fronteira ao rio pode-se observar um nicho com a imagem da santa.
Do outro lado do rio encontram-se as Levadas, serie de edifícios industriais manuelinos, com o seu respetivo açude e que se destinavam a moinhos e lagares. Na sua estrutura destacam os símbolos manuelinos, sendo que até recentemente estiveram em uso, e agora foram recuperados e destinados a espaços expositivos. Também com esse fim foi recuperada a Casa dos Cubos, onde aproveito para tomar um café. O nome deste edifício porvém do nome por que popularmente eram conhecidas as unidades de medida aí usadas, dado que o objetivo primitivo deste era o de receber e armazenar os tributos devidos à Ordem.
Em frente desta encontram-se os restos do Estaus, um edifício mandado erguer pelo Infante D. Henrique mas que nunca chegou a ser concluído, e que se destinava a alojar mercadores e funcionários da Ordem de Cristo. Estes arcos ogivais são uma memória do poder económico e político da Ordem de Cristo.
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Antiga Sinagoga de Tomar. |
Segue-se a praça da República, onde se encontram os Paços do Concelho, edifício maneirista que mantém os brasões reais de D. Manuel I, pois aí existiu a Casa da Câmara manuelina. Ao centro da praça a estátua de D. Gualdim Dias, Grão-Mestre templário e fundador do castelo, e frente a esta a igreja de S. João Batista.
Erguida por ordem de D. Manuel I, no local onde existiria uma anterior do tempo de D. Afonso Henriques, apresenta exteriormente um portal ricamente decorado em estilo manuelino, além das armas reais filipinas (o braço inferior da cruz de Cristo é mais largo) existem a relíquia do primitivo templo numa incrustação da base torre, onde se encontram representados um leão, um cão e uma taça florida, que acende ainda hoje discussões sobre o seu significado. A flor-de -lis de Iria, o cão representando a lealdade, o leão a fortaleza e até há quem veja um pentagrama judaico. No interior merece destaque o púlpito, também de feição manuelina, ainda que a esfera armilar esteja danificada, é um exemplo da arte de esculpir no Portugal quinhentista. Mais uma curiosidade nesta igreja é que apenas a base do primeiro pilar à esquerda está decorado em contraponto às restantes.
Saímos da praça seguindo a direção que trazíamos em direção ao largo do Pelourinho, passando em frente à Casa Manuel Guimarães com a sua bela janela de canto, atribuída a João de Castilho. Mais à frente encontra-se a capela de S. Gregório, apesar de fechada o seu exterior com a galilé e a decoração manuelina do seu portal merecem a deslocação.
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Selfie na nora da ilha Mouchão, Tomar. |
Segue-se a ermida de N. Sra. da Conceição, na encosta do castelo. Além de ser um miradouro priviligiado para contemplar Tomar, esta ermida é apontado pelos historiadores como um exemplo do renascimento em Portugal, sendo atribuída a João de Castilho e Diogo de Torralva. A próxima paragem é o Aqueduto de Pegões Altos. Esta obra de engenharia hidráulica foi erguida no sec. XVI para abastecer o Convento de Cristo, sendo a sua passagem pelo Vale de Pegões o ponto de maior monumentalidade, sendo o seu traço do arquiteto régio Filippo Terzi.
Antes de voltar ao centro aproveito o automóvel para rumar até à igreja de Sta. Maria dos Olivais. É uma bela igreja gótica do sec. XIII, sobre uma anterior mandada construir por D. Gualdim Pais. Posteriormente serviu de exemplo para a construção de outras no sul e arquipélagos portugueses. A fachada com uma grande rosácea e a galilé lateral marca-lhe o exterior ao qual se junta a cabeceira do templo. No interior a nível de valor artístico o destaque é o tumulo do 1º bispo do Funchal, executado por João de Ruão.
Para terminar a visita ao centro histórico de Tomar apenas falta a Corredoura, hoje rua Serpa Pinto, com toda uma serie de belos edifícios com decorações de azulejos de Arte Nova, e passar pela Casa Estrelas de Tomar e provar as típicas Fatias de Tomar para terminar esta visita com um doce sabor de boca.
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Capela de Sta. Iria, Tomar. |
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Levada Manuelina, Tomar. |
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Igreja de S. João Batista, Tomar. |
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Capela S. Gregório, Tomar. |
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Igreja Sta. Maria dos Olivais, Tomar. |
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Aqueduto de Pegões Altos, Tomar. |