Grand Place de Bruxelas, uma das mais belas do mundo!

Hôtel du Ville, Bruxelas, Bélgica.
Este é seguramente o coração do capital da Europa, um local imprescindível numa vista a Bruxelas.
A praça que ocupa o local do medievo mercado, daí o seu nome em flamengo, "Grote Markt" (grande mercado) e apresenta-se hoje com uma fisionomia maioritariamente setecentista, resultado da sua reconstrução após o bombardeamento e posterior incêndio levado a cabo pelas tropas do rei francês Luis XIV em 1695, e a sua posterior recuperação no século XIX .

Ao entrar na Grand Place apercebemo-nos da importância económica que esta urbe desenvolveu ao longo da sua história. A riqueza das casas dos vários grémios, numa luta por ser a mais ornamentada e ricamente dourada, completam o retângulo que tem no edifício gótico dos Paços do Concelho e no fronteiro edifício neogótico da Caso do Rei os seus mais expoentes.

É justamente esta a razão pela qual a UNESCO a classificaria como Património Mundial em 1998.

Ao longo dos dias que estive em Bruxelas sempre procurei ir a diário até lá, para respirar a atmosfera deste espaço, observá-la desde todos os ângulos, vive-la com sol e chuva, tentando descobrir os seus detalhes mais ínfimos.

Sei que seguramente voltarei a estar sentado no chão de paralelos no centro da Grand Place e tenciono visitá-la por ocasião da realização bienal (agosto dos anos pares) do seu tapete de flores, quando se cobre por milhares de begónias!

Façamos então o tour ao redor da praça.

Hôtel du Ville (Paços do Concelho)

Portal principal do Hôtel du Ville, Bruxelas, Bélgica.
Localizado na ala sul, é a joia arquitetónica da praça, tendo sido construída entre 1402/55 e atribuída ao arquiteto Jean Bornoy. É um exemplo da arquitetura civil flamenca, onde destaca a torre sineira, com os seus 96 metros de altura obra de Jan van Ruysbroeck. Ao longo de todo o edifício encontramos colunas douradas, estátuas, arcos, galerias, e inclusive sobre o telhado quatro andares de janelas. No mais alto do edifício, a modo de proteção da cidade está a imagem do padroeiro de Bruxelas, S. Miguel. Na galeria direita está localizada o posto de turismo.

Maisons nº 8 a 12

Pormenor do cisne da Maison du Cygne, Bruxelas, Bélgica.
À esquerda da Câmara Municipal, no nº 8 encontramos a Maison de l'Etoile, cujo piso térreo é uma galeria aberta, no interior da qual se encontra a estátua de Everard´t Serclaes, herói da defesa da cidade frente às pretensões da Casa da Flandres no sec. XIV. A tradição diz que quem a acaricia regressa a Bruxelas!

Segue-se a Casa dos Talhantes, também conhecida como do Cisne, dado o ornamento que tem sobre o dintel da porta. No nº 10 encontramos a Maison L'Arbre d'Or, antigo grémio dos cervejeiros e onde hoje está localizado um museu da Cerveja. Destaca sobre o seu frontão superior a estátua equestre de Carlos Alexandre de Lorena, Governador dos Países Baixos Austríacos.

A Maison de la Rose, nº 11 da praça, tem este nome pois pertenceu no sec. XV a Catherine van der Rosen, além de ali também podermos observar sobre a sua porta de entrada um floreiro com rosas. A seu lado está a Maison du Mont Thador, onde se encontra atualmente um comércio de diamantes.

Um dos clássicos em todas as grandes cidades do mundo são os cafés Hard Rock. Pois bem em Bruxelas este está instalado no nº 12 da Grand Place, na Maison d'Alsemberg.

Maison des Ducs de Brabant 

Ala sul e Palácio dos Duques de Brabante, Bruxelas, Bélgica.
Ocupando os nºs. 13 a 19, onde existiam as casas de vários grémios, foi construída em 1697/8 este monumental palácio barroco pelo arquiteto Guillaume de Bruyn, sendo posteriormente transformada a sua fachada em 1770 pelo célebre arquiteto neoclássico belga Laurent-Benôit Dewez. As linhas clássicas das pilastras com capiteis coríntios e balaustradas que suportam a balaustrada superior com as seus 4 gigantes olhos-de-boi, tendo ao centro o frontão circular em cujo tímpano se encontra a escultura representando a "Abundância, ou a recuperação do comércio e da indústria". Nas bases das pilastras do piso nobre encontram-se os bustos dos Duques de Brabante.
No nº 13, integrando a Maison des Ducs de Brabant, está a mais pequena das 7 casas que a compõe. É a denominada Maison de la Renommée, pois sobre a sua porta encontra-se a estátua alada desta divindade clássica grega da Fama, tocando trompeta e segurando na sua mão uma coroa de louros.
O nº 14 corresponde à Maison de l'Hermitage e a nº 15 à Maison de la Fortune (antigo grémio dos Curtidores).  Debaixo do grande tímpano encontram-se a Maison du Moulin à vent (aqui no nº 16 existiu o grémio dos Moleiros) e a Maison du Pot d'ètain (antigo grémio dos Carpinteiros). Correspondendo aos nºs. 18 e 19 estão a Maison de la Colline e a Maison de la Bourse, respetivamente.

Maisons nº 20 a 28

Pormenor da ala norte, Grand Place, Bruxelas, Bélgica.
A primeira casa que encontramos na ala norte, e que hoje é uma chocolataria (hummmm!) é a Maison du Cerf, pois na sua fachada lateral na rua de la Colline, se encontra um baixo-relevo de um veado. Em  continuação seguimos no mundo do chocolate, já que nos nºs. 21 e 22 existe outra loja de chocolates belgas instalada na Maison de Joseph et Anne. Estes nomes podes procurá-los nas cartelas que a decoram! Já no nº 23 a Maison de l'Ange foi residência do rico mercador Jan de Vos.

O edifício correspondente aos nº 24 e 25 foi o Grémio de Alfaiates daí que esta Maison de la Chaloupe d'Or seja coroada pela estátua do seu padroeiro S. Omobono de Cremona. A seguinte casa é a Maison du Pigeon, Grémio dos Pintores, e na qual residio Victor Hugo durante o seu exilio em 1852. Segue-se-lhe a Maison du Marchand d'Or, correspondendo ao nº 28

Maison du Roi

Maison du Roi, Bruxelas, Bélgica.
Construído em 1405 como edifício administrativo dos Duque de Brabante, ocuparia o local do antigo mercado do pão, passando a denominar-se Casa do Rei, quando o Duque de Brabante sobe ao trono de Espanha sob o título de Imperador Carlos V. A sua primeira reconstrução, dando-lhe o aspeto que hoje observamos ocorre em 1515, num estilo gótico tardio. Posteriormente nas reformas da praça no sec. XIX é reconstruída obedecendo ao projeto original. Hoje alberga o Museu da Cidade, onde além de várias peças históricas estão patentes os fatos do Manneken Pis.

Maisons nº 34 a 39

Ala norte da Grand Place, Bruxelas, Bélgica.
No nº 34 encontra-se a Maison du Heaume, seguida da Maison du Paon, identificada precisamente pelo baixo-relevo dourado de um pavão. A Maison du Petit Renard et du Chêne, nos nºs. 36 e 37, ao contrário da maioria das casas da Grand Place não é coroada por um único frontão mas sim por duas janelas geminadas com frontões circulares. No nº 38 segue-se a Maison de Sainte-Barbe, que deve o seu nome ao baixo-relevo no 2º andar representando precisamente Sta. Barbara. Findando esta ala norte está a Maison de l'Âne, datada de 1695, e que no primeiro andar tem pilastras com capitéis jónicos e no seguinte estes são coríntios.

Maison du Roi d'Espagne 

Ala oeste da Grand Place, Bruxelas, Bélgica.
No nº 1 e 2 da praça está a Maison du Roi d'Espagne, dedicada à glória de Carlos V, Rei de Espanha e Imperador do Sacro Império Romano-Germanico (1500-1558). Sobre a porta de entrada destaca o busto de Santo Aubert, padroeiro dos padeiros, a cujo grémio pertenceu esta casa. No primeiro piso as almofadas das janelas são decoradas alternativamente por balaustradas e medalhões com esfinges de imperadores romanos. No entablamento deste piso uma inscrição latina em glória de Carlos V: "haC statVIt pIstor VICtrICIa sIgna trophæI qVo CaroLVs pLena LaVDe seCVnDVs oVat", traduzindo livremente "O padeiro hastiou aqui as bandeiras vitoriosas, pelas quais Carlos, em plena glória, triunfa, irresistível". Centra o 2º piso um baixo-relevo com a estátua rodeada de louros de Carlos V, rodeadas de troféus e escravos amarrados. No cimo do edifício encontra-se uma balaustrada com as estátuas representando (de esq. a dir) a Força, o trigo, o vento, o fogo, a água e a Providencia, imprescindíveis para este grémio. Curioso a forma como se coroa esta casa com uma torre lanterna octogonal e no alto a estátua de uma mulher tocando uma trombeta, quiça a "Fama".

Maisons nº 3 a 7

Pormenor da Maison du Cornet, Bruxelas, Bélgica.
Nos nºs. 2 e 3 situa-se a Maison de la Brouette, assim denominada pelo carro de mão que se encontra representado numa das cartelas nas almofadas das janelas do 1º piso. Destaque ainda para as colunas pseudo-salomónicas entre as janelas do 2º piso. No nicho que a coroa encontra-se a estátua de Santo Egídio, padroeiro do grémio dos leiteiros e criadores de galinhas. A Maison du Sac (nº 4) antigo grémio dos carpinteiros e toneleiros. O nome da casa provém do relevo situado sobre o dintel da porta de entrada representando os toneleiros na vindima ao redor dum saco. A nível decorativo destaque para a simbologia do grémio nas pilastras da balaustrada e para as colunas de cariátides do 3º piso. No nº 5 a Maison de la Louve, com a escultura da Loba amamentando Rómulo e Remo, e nos pisos superiores as alegorias da Verdade, a Mentira, a Paz e a Discórdia (de esq. a dir.), as esfinges de Trajano, Tibero, Augusto e Júlio César (de esq. a dir.), um Apolo no frontão e ao cimo de tudo o Fénix, representando a reconstrução da casa renascida do incêndio. Esta era a casa dos Arqueiros. A seguinte casa, Maison du Cornet (nº 6) era a dos Barqueiros daí os cavalos-marinhos montados por tritões que se encontram no 4º piso. Em cima destes, a modo de popa de um navio, o entabulamento com a representação de Filipe I de Portugal, encimado pelo seu brasão de armas, onde constam as quinas lusas. Terminámos no nº 7 da praça com a Maison du Renard, a do grémios dos merceeiros, Com os atlantes que suportam a varanda do piso nobre, decorada com a alegoria à Justiça rodeada pelos 4 continentes. era aqui que se situava um dos grandes salões de baile da cidade nos anos 20 do século passado!

Grand Place, Bruxelas, Bélgica.

Pormenor da ala oeste, Grand Place, Bruxelas, Bélgica.

Pormenor da Grand Place, Bruxelas, Bélgica.

Pormenor da Grand Place, Bruxelas, Bélgica.


Sem comentários

Com tecnologia do Blogger.