Vamos a banhos!

Estamos de férias e vamos a banhos...

Era quase meio-dia e lá ia eu e os meus amigos caminho da paragem de autocarro para rumar até à piscina José Vicente Abreu, no bairro de Santa Luzia.

No último lustre do século passado havia várias alternativas, algumas delas quase aventuras, para refrescar-se um pouco. Sair da "cidade" (assim chamamos os nativos ao centro histórico de Elvas) em busca de lugares frescos e que possibilitassem um mergulho.

Das mais antigas recordações que guardo na memória estão as idas à praia de Badajoz. Acordar cedinho, passeio a pé até ao exterior das Portas de Olivença onde parava o autocarro com direção ao Caia. Na fronteira mudava-se para um outro autocarro espanhol e lá se ia a caminho da cidade-irmã. Naquela época era frequente haver muitos banhistas na zona dos eucaliptos na margem direita do rio Guadiana. Muita sombra, relva, água límpida e muito espaço para correrias e brincadeiras. Passava-se o dia de banhos, merenda, geleira e todos os acessórios para um dia de praia.

Mais tarde, e montado na bicicleta, era habitual que um grupo de amigos do bairro fugíssemos ao controlo parental e, entre hortas e olivais, procurrássemos a Albufeira das Pias para ir a banhos. Nestas aventuras não tínhamos merenda assim que aproveitávamos o caminho para recolher figos, que depois de refrescados nas águas da albufeira nos serviam de lanche. Isto acontecia nos dias em que algum estava de castigo e tinha proibido ir até ao outro lado da cidade refrescar-se na piscina.

Piscina José Vicente Abreu, Elvas, nos anos 70 (imagem: Retratos de Portugal).
A piscina do Clube Elvense de Natação foi durante muitos anos o único oásis para acalmar o estio em Elvas. Ali se encontravam famílias inteiras, sobretudo à tarde, pois durante as manhãs, havia treinos dos atletas do clube e restringiam o uso aos banhistas. Foram anos de mergulhos na piscina, de comer cenouras e cobrir a pele com manteiga de cacau para melhorar o bronzeado!

Outro dos destinos dos elvenses era também a albufeira da Barragem do Caia, este destino nunca foi o meu preferido, pois a ida até sitio não era exclusiva para banhos. Aproveitava-se para entrar na água e chapinhar até que um dos pescadores nos chamava a atenção e lá tínhamos que sair. Sim estas excursões tinham como destino um dia de pesca para o meu pai, mas o calor do sol e a proximidade da água era sempre uma tentação.

Talvez o mais agradável dos banhos aconteceu na área da Ajuda, já adolescente, em que se aproveitavam os acampamentos de escuteiros para meter-nos na água e refrescar-nos. Vem-me à memória as aventuras de, entre as pedras do rio e nas proximidades dos moinhos, tentarmos pescar alguns peixes com as mãos. Não me recordo se alguma vez apanhámos algum, o que sei é que ninguém saía do rio sem um arranhão, com calor e sem ter-se divertido bastante nesta aventura.


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