Castela-Mancha
Espanha
Fim de Semana
Semana Santa em Castela-Mancha, 2/2
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Lagoa Lengua, Ruidera, Espanha. |
Seguimos o itinerário desta viagem começado no apontamento que podes ler aqui.
Saindo de Valdepeñas as Lagoas de Ruidera situam-se a cerca de uma hora de distância. Como ponto de contacto inicial com este parque natural escolhi precisamente começar na aldeia que lhes dá nome.
Considerado um dos mais belos parques naturais da Península, está composto por 16 lagoas que se vão comunicando sucessivamente, com cascatas. Ao longo dos 4.000 ha do parque estes espelhos de água transparente servem de nascente para o rio Guadiana e albergam uma diversidade natural de avifauna e vegetação ribeirinha.
Junto ao cemitério de Ruidera tem inicio um troço do percurso que te leva até ao sitio do Hundimiento (em português, caída). Trata-se de uma formação geológica de vegetação petrificada, que devido a uma enchente ocorrida em 1945 acabou por ruir parcialmente, e apresenta-se hoje como uma das mais belas cascatas das lagoas de Ruidera. Na continuação deste percurso peatonal encontram-se as lagoas de Morenilla, Coladilla e Cenagosa seguidas da área da albufeira da Barragem de Peñarroya, onde se encontra o castelo homónimo que delimita a sul o parque.
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Paraje de la Isla, Ruidera, Espanha. |
Outras das excursões essenciais nesta zona é a Viso del Marqués. É uma pequena aldeia na rota tradicional que fazia a ligação entre Sevilha e Madrid. A anterior informação é essencial para perceber o porquê de ali existir un enorme palacio renascentista! Entre a capital do reino e o porto de Sevilha, onde estava sediada a Armada, o Marquês de Santa Cruz escolheu-a para erguer a sua nova residência. A história do local começa antes, mas a sua época de ouro inicia-se quando o pai do Marquês compra ao rei a localidade em 1539. Nos trabalhos de construção e decoração do Palácio do Marquês trabalham artistas italianos, responsáveis pelos mais de 80.000 m2 de frescos que combrem as paredes deste edifício renascentista. Exteriormente é um grande volume, logo ao lado da igreja. Nada por fora me faria prever a maravilha que encerra, dado que a tipologia exterior corresponde a uma casona castelhana. Por outro lado o interior distribui-se ao redor do pátio renascentista. Os frescos representam os feitos heroícos do almirante e marquês, que foi Capitão General da Armada, comparando-o com Neptuno, deus dos mares e com Marte, deus da guerra. Além destes os restantes espaços são decorados com pinturas ao gosto da época. Como português merece destaque a representação da tomada de Lisboa pelas naus do almirante ao serviço de Felipe II de Espanha. Existem ainda esculturas ao longo das salas e capela, miniaturas de embarcações, e no piso superior, a modo de troféus estão colocadas as lanternas de popa dos seus inimigos, com destaque para a do império otomano turco derrotado pela frota liderada por Álvaro Bazan, Marquês de Santa Cruz e senhor deste palácio. Hoje o palácio, além de receber visitas turisticas alberga o Arquivo Geral da Armada de Espanha. Vir por esta zona e não visitá-lo é deixar de ver o melhor que há.
Como última nota vale a pena parar também na diminuta aldeia de San Carlos del Valle, com a sua imponente igreja e "plaza mayor" erguidas em torno à devoção de uma imagem milagrosa de Cristo crucificado.
Estas terras de Castela-Mancha, roteiro de D. Quixote e berço do Guadiana serão seguramente destino para um próximo viagem na descoberta desta região espanhola!
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San Carlos del Valle, Espanha |
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Cascata do Hundimiento, Ruidera, Espanha. |
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Palácio del Marqués, Viso del Marqués, Espanha. |
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Palácio del Marqués, Viso del Marqués, Espanha. |
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